Em 1995, Michael Jackson lançou um curta-metragem que ainda hoje causa polêmica: HIStory. O vídeo, filmado na Hungria, mostra o astro marchando em meio a colunas gigantes, bandeiras e uma multidão uniformizada. Muitos o acusaram de querer se comparar a ditadores — especialmente Adolf Hitler.
A crítica foi imediata e pesada. Manchetes chamavam o vídeo de “propaganda megalomaníaca”. Especialistas diziam que Michael havia cruzado a linha entre a arte e a exaltação do poder. Mas poucos pararam para refletir sobre o verdadeiro significado por trás daquelas imagens.
Michael Jackson sempre foi mais do que um cantor pop. Era um artista obcecado por justiça, história e psicologia humana. Por trás de seu talento musical, existia uma mente inquieta e estudiosa — alguém que lia compulsivamente e se preocupava com os rumos da humanidade.
Seu acervo pessoal continha mais de 10 mil livros. Entre eles, títulos sobre Adolf Hitler, Segunda Guerra Mundial, propaganda nazista e psicologia de massas. Não por admiração, mas por análise. Ele queria entender como líderes conseguem manipular pessoas e transformar ódio em discurso oficial.
Segundo Bob Sanger, seu advogado, Michael falava sobre esses assuntos com profundidade. Questionava por que ninguém tentou “curar Hitler” antes que ele causasse tanto estrago. Era uma mente que enxergava além do óbvio — e que acreditava no poder transformador do conhecimento.
O curta HIStory Teaser foi sua resposta artística à perseguição que sofria. Após anos de acusações, ataques da mídia e julgamentos públicos, ele decidiu se posicionar. Mas fez isso à sua maneira: com imagens impactantes, símbolos poderosos e sem dizer uma única palavra.
A marcha representava resistência. Não a opressão de um líder autoritário, mas a caminhada solitária de alguém que sobreviveu ao massacre midiático. Michael não estava glorificando o poder — estava denunciando como ele é usado contra inocentes.

As colunas, os soldados e a marcha foram usados de forma simbólica. No lugar de armas, há bandeiras com estrelas. No lugar de uniformes opressores, roupas padronizadas que representam união. Em vez de exaltar o ego, Michael usou a linguagem visual para mostrar como líderes manipulam as massas.
HIStory não é sobre poder. É sobre sobrevivência. É a resposta visual de um artista que foi rotulado, distorcido e desumanizado. Michael não grita, não acusa, não responde diretamente — ele caminha, em silêncio, como quem diz: “a história verdadeira ainda não foi contada”.
Muitos não entenderam essa mensagem porque esperavam um clipe comum. Mas o que receberam foi um manifesto visual. Jackson usou símbolos fortes para provocar uma reflexão ainda mais forte: como a mídia e o público tratam figuras negras poderosas?
Michael Jackson não era apenas o Rei do Pop. Ele era um pensador, um estrategista de imagem e um contador de histórias. Seu vídeo HIStory é uma mistura de arte, protesto e defesa pessoal — tudo ao mesmo tempo.
Nos bastidores, ele assistia documentários sobre Hitler, lia livros sobre a Segunda Guerra e estudava psicanálise. Michael acreditava que a arte tinha o poder de curar, mas também o dever de alertar.

Wesley Snipes e outros amigos próximos confirmam: Michael era intelectualmente brilhante. Podia falar sobre Jung, Freud, política americana e movimentos civis com facilidade. Mas sua genialidade era frequentemente apagada pelas manchetes sensacionalistas.
Hoje, 30 anos depois, o curta HIStory pode ser visto com novos olhos. Não como uma egotrip visual, mas como um grito silencioso de alguém que conhecia a história e queria reescrever a sua. Alguém que não queria apenas cantar — queria ser ouvido com verdade.
Michael Jackson nos alertou sobre os perigos do culto à personalidade, do julgamento sem contexto e da manipulação de massas. Só que, ironicamente, foi vítima de tudo isso. HIStory é o seu testemunho visual.
E está na hora de o mundo prestar atenção: