Michael Jackson e Slash: A noite em que o ''caos'' foi parte do show | Michael Jackson e Slash mjbeats

Michael Jackson e Slash: A noite em que o ”caos” foi parte do show

Era o auge. Nos anos 90, poucos nomes brilhavam com tanto poder e magnetismo quanto Michael Jackson e Guns N’ Roses. De um lado, o Rei do Pop, reinventando sua própria lenda com cada novo projeto. Do outro, uma banda que definia o espírito rebelde do rock, liderada por Axl Rose e pelo inconfundível guitarrista Slash.

Michael já havia mostrado ao mundo que sabia unir mundos distintos. Nos anos 80, ele havia convidado Eddie Van Halen para participar da faixa “Beat It”, e o resultado foi histórico. Então, na década seguinte, resolveu repetir a dose. Dessa vez, o escolhido para trazer o peso das guitarras era Slash.

O resultado? Uma parceria improvável, ousada, e que entraria para a cultura pop.

SLASH-E-MICHAEL-JACKSON-mjbeats-732x1024 Michael Jackson e Slash: A noite em que o ''caos'' foi parte do show

Slash gravou com Michael a intensa “Give In to Me”, onde suas guitarras choram em sintonia com a dor da letra. Ele também participou da poderosa “D.S.”; sempre adicionando seu toque agressivo e visceral às faixas pop cuidadosamente produzidas por Jackson.

Mas foi no palco que a química entre os dois realmente chamou atenção. Slash começou a aparecer em apresentações ao vivo de Michael, principalmente durante a performance de “Black or White”. A mistura de estilos era eletrizante: o rei da dança e o mestre da improvisação dividindo o mesmo palco.

Em uma dessas apresentações, que aconteceu na Coreia do Sul, algo inusitado aconteceu. O público estava empolgado, a produção impecável, e tudo seguia o roteiro. Até que, de repente, Slash resolveu não parar de tocar seu solo. Era para ele encerrar no tempo certo, como ensaiado. Mas não. Ele simplesmente continuou — e o caos começou.

Michael, sempre conhecido por ser perfeccionista até os ossos, tentou disfarçar o incômodo. Continuou sorrindo, dançando, gesticulando. Mas nada fazia Slash parar. A plateia, sem saber que aquilo era encenação, parecia em choque. Os gritos de Michael pedindo o fim do solo foram ignorados. A tensão era quase palpável.

Slash simplesmente decidiu seguir no seu próprio ritmo. Os seguranças entraram no palco, aparentemente para contê-lo. E aí a cena ficou ainda mais surreal: o guitarrista começou a empurrá-los com chutes, como se estivesse defendendo sua liberdade artística com riffs e pontapés.

O público foi à loucura. Estariam testemunhando um duelo entre o rock e o pop? Uma falha técnica? Um desentendimento real? Ninguém tinha certeza. E era exatamente isso que tornava tudo ainda mais eletrizante. O solo prolongado de Slash não era improviso — era parte do espetáculo, uma encenação planejada entre dois mestres do entretenimento. Enquanto a guitarra dominava o palco, Michael Jackson aproveitava os bastidores para trocar de figurino e se preparar para o momento mais aguardado: “Billie Jean”.

Essa noite ficou marcada como um dos momentos mais curiosos e falados da parceria entre os dois. Não houve briga. Não houve desrespeito. Houve arte. Um momento de pura entrega e improviso — algo que hoje, com tantos shows milimetricamente controlados, soa quase como uma lenda urbana.

E no fim, o público ganhou um espetáculo dentro do espetáculo. Duas lendas em cena, brincando com seus próprios mitos. E mostrando que, às vezes, o caos é apenas mais uma forma de encantar.