Com três marcantes passagens — em 1974, 1993 e 1996 — o Rei do Pop conseguiu deixar sua marca na história dos espetáculos internacionais do país
Ao longo das turnês mundiais que fez desde a infância, Michael Jackson teve recepções calorosas a sua presença de palco enérgica com passos precisos. Porém, seu apreço pelo Brasil era ainda mais notável.
Apesar de ser assumidamente contrário as desgastantes turnês, o astro citou a paixão tupiniquim pelo seu trabalho como uma das mais incríveis ao redor do mundo, durante o especial Michael Jackson’s Private Home Movies, transmitido em 2003 pelo canal americano FOX.
Com três marcantes passagens — em 1974, 1993 e 1996 — o Rei do Pop conseguiu deixar sua marca na história dos espetáculos internacionais do país.
Jeitinho brasileiro
A primeira vez de Michael no Brasil foi em 1974, quando o garoto ainda fazia parte do grupo Jackson 5, ao lado dos irmãos. Em viagens internacionais, o pai Joseph não podia acompanhar os garotos, visto que fazia os contratos em solo americano. Por isso, os jovens eram acompanhados por uma juíza de menores, que restringia o trabalho dos garotos até as 22h00.
O problema é que eles já tinham um compromisso marcado após as 22h: o especial de televisão na TV Tupi. Sabendo de tal regra, os produtores do programa revelaram no Fantástico, em 2009, que aceitaram a regra da juíza, mas não disseram qual era o fuso horário brasileiro. Com isso, se apresentaram sem problemas na televisão, mesmo ultrapassando o horário.
O show em São Paulo
O retorno de Michael Jackson ao Brasil só ocorreria em 1993, durante a turnê do álbum Dangerous. Com uma espera de 19 anos, a estrutura não poderia ser menos do que a esperada, porém, o artista surpreendeu com as proporções da apresentação; seu equipamento veio em dois aviões gigantes Antonov An-124 — que na época, eram anunciados como os maiores aviões de carga do mundo — totalizando 400 toneladas de itens, carregados em 29 carretas que seriam montados no Estádio do Morumbi.
O esgotamento recorde dos seus ingressos rendeu uma apresentação extra na arena, com bilhetes vendidos na rede de lojas de roupa C&A. Antes mesmo de sua chegada, a marca de refrigerante Pepsi já promovia o show com uma promoção de rótulos nas garrafas — tudo meticulosamente preparado ainda nos Estados Unidos para ser executado com perfeição em São Paulo.
Crítica social
Antes mesmo de voltar ao Brasil em 1996 para gravar em comunidades na Bahia e Rio de Janeiro, o então secretário estadual de Comércio e Turismo do Rio de Janeiro, Ronaldo Cezar Coelho, afirmou que a produção poderia influenciar a imagem do Brasil de maneira negativa, pedido ao ex-jogador Pelé para conversar com o astro, buscando a desistência da gravação.
O Itamaraty, no entanto, ficou do lado do diretor Spike Lee; não apenas autorizou a vinda e captura dos cenários, como destacou que “não se pode tentar esconder uma realidade que existe no país”. A exposição não apenas reverbera até hoje com as visitas turísticas nos locais, como projetou internacionalmente a imagem do Olodum.
por Wallacy Ferrari