Arquivo HIStórico: Michael Jackson grava videoclipe no Brasil

Arquivo HIStórico: Michael Jackson grava videoclipe no Brasil

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Era 11 de fevereiro de 1996. O céu do Rio de Janeiro ganhava um visitante ilustre: Michael Jackson, o maior artista do planeta, desembarcava no Forte de Copacabana. Recepcionado com honras pelos soldados do Exército, ele embarcou em um helicóptero que rasgou os ares da cidade maravilhosa. Do alto, encantado, ele repetia: “Que lugar lindo”, enquanto dava voltas sobre o Cristo Redentor e descia em rasante sobre o Morro do Chapéu Mangueira, no Leme. O Rio parava. O mundo assistia.

Seu destino? O Morro Dona Marta, que naquele dia se transformou no palco da periferia para o videoclipe mais político de sua carreira: “They Don’t Care About Us”. A música falava alto sobre racismo, injustiça, abandono e exclusão. Jackson decidiu que a favela carioca era o cenário ideal para dar rosto e corpo ao seu grito de denúncia. E assim, o Rei do Pop subia o morro não apenas como artista, mas como símbolo de solidariedade global aos menos favorecidos.

O impacto foi imediato. Durante as cinco horas e dez minutos em que permaneceu na comunidade, Michael causou um alvoroço. A cada passo, ecos de “Michael, eu te amo” ressoavam pelas vielas. Era como se aquele astro estrangeiro, vestido com jaqueta preta e botas militares, fosse um velho conhecido. As pessoas tentavam atravessar os cordões de isolamento para tocá-lo, abraçá-lo, agradecer por sua presença. Mas Michael não se escondia — ele sorria, dançava e se entregava à energia do povo.

Enquanto o Cristo Redentor observava ao fundo e o Pão de Açúcar silenciava diante da grandeza daquele momento, a favela foi elevada ao centro da cultura mundial por alguns minutos eternos. Não havia palco melhor para uma canção que implorava atenção aos marginalizados. Michael Jackson não apenas visitou o Dona Marta — ele o eternizou. E, por tabela, eternizou as vozes que, por tanto tempo, ficaram silenciadas.

Décadas depois, aquelas imagens ainda circulam o mundo como símbolo de resistência e arte. Michael não veio ao Brasil por vaidade — veio por mensagem. E fez história como poucos ousaram fazer: com música, com alma e com coragem. Naquele dia, o morro não foi invisível. Foi centro. Foi voz. Foi espetáculo.


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