Convencido pela mãe, Michael Jackson voltou aos palcos para ajudar os irmãos. Pela última vez.
O colapso do relacionamento entre Michael e seus irmãos, que datava de Off the Wall, parecia irrecuperável quando Thriller começou a bater todos os recordes.
O plano para uma turnê mundial chamada Victory lenta e dolorosamente tomou forma depois de Katherine Jackson convencer o filho mais famoso a ajudar os irmãos no palco uma última vez. Assim começaram as várias lutas pelo poder, culminando na decisão de Michael de demitir seu empresário, Ron Weisner. O resultado foi que, no início do verão de 1983, a jovem estrela se viu sem ninguém a quem recorrer quando se tratava de fazer escolhas importantes em sua carreira solo.
O álbum
O lançamento do penúltimo álbum que os Jacksons foram contratados para gravar com a Epic foi adiado em várias ocasiões devido ao sucesso de Thriller. Foi finalmente programado para lançamento no final de 1983. Michael Jackson estava completamente preocupado com suas atividades solo e anunciou desde o início que não estaria tão envolvido no projeto da família como estivera com os álbuns anteriores.
O álbum recebeu o nome de uma canção composta por Michael Jackson que ele gravou originalmente com Freddie Mercury. Mas Michael achou difícil chegar a qualquer tipo de acordo criativo com o frontman do Queen, já que os dois homens tinham visões artísticas muito diferentes.
Na 16ª Convenção Internacional do Fã-Clube do Queen em Prestatyn, País de Gales, em 2001, Greg Brooks, arquivista do Queen, confirmou a existência desta misteriosa faixa. Os dois cantores também trabalharam juntos em outras composições que não foram publicadas oficialmente.
Victory foi o único disco que reuniu oficialmente os seis irmãos Jackson. Para a ocasião, o grupo largou o “The” e simplesmente se autodenominou “Jacksons” na capa do álbum. Nelson Hayes, amigo de longa data e assistente dos artistas, foi o responsável pela coordenação da gravação do álbum. Mas por trás da reunião que trouxe o grupo original de volta estavam muitos conflitos de interesse, que foram amplificados pelo crescente sucesso solo de Michael.
As gravações aconteceram entre novembro de 1983 e maio de 1984. A preparação e o desenho do disco acabou sendo um cabo-de-guerra legal e artístico em que os irmãos tentavam pegar uma fatia do bolo. Cada irmão incluiu uma de suas composições, garantindo que fosse creditado como produtor e arranjador.
Victory foi essencialmente um álbum de advogados e financistas cujas vendas garantiram royalties substanciais para os irmãos Jackson. Já se foi o tempo em que os meninos de Gary ficavam felizes apenas por cantar. A duramente conquistada independência artística de Destiny foi substituída por protocolos e contratos assinados por cada participante.
O marketing e a promoção do álbum foram uma dor de cabeça total. Michael Jackson deixou claro que queria ficar em segundo plano, e até pediu ao artista Michael Whelan que garantisse que sua imagem na capa do álbum fosse mantida discreta. Ele se recusou a filmar os vídeos planejados para os singles.
E ainda por cima, durante os ensaios para a turnê, foi decidido — inacreditavelmente — que nenhuma das músicas do álbum seria tocada no palco. Quando o Victory apareceu nas lojas em 2 de julho de 1984, os fãs descobriram um Tetris que consiste em oito faixas enfileiradas como pérolas sem um fio unificador. Graças à Jacksonmania gerada por Thriller, o álbum, no entanto, conseguiu chegar ao dobro de Platina nos Estados Unidos após quatro meses. As vendas finais mundiais chegaram a quatro milhões, dez vezes menos que Thriller.