Celebrando o homem, a obra, a inspiração que Michael Jackson foi e continua a ser com 21 temas e curiosidades sobre cada um deles:
Nasceu em 29 de agosto de 1958 e deixou a indústria musical mais pobre com a sua passagem em 25 de junho de 2009, com apenas 50 anos. Mas este artigo celebra antes a sua vida, comemora o homem, a obra, a inspiração que foi e continua a ser, com 21 temas (faríamos facilmente o dobro ou o triplo) com curiosidades sobre cada um deles.
Não é uma lista de favoritos, ainda que todos façam parte da nossa playlist, mas o leitor pode escolher o seu tema preferido!
Shake Your Body Down, Destiny, 1978
Coescrita por Jackson e o irmão mais novo, Randy, “Shake Your Body Down” é considerada uma das melhores faixas dançantes da era. Em 1978, ela alcançou o 7º lugar nos charts e vendeu mais que dois milhões de cópias.
Começando com um “rufar de piano, um deslizamento de pratos [e o] baixo ampliando de lado a lado”, a faixa é mais que oito minutos de incessante energia. A linha marcante de baixo da música é envolta por hábil trabalho de guitarra (tocada pelo irmão, Tito), resplandecentes instrumentos de sopro e, é claro, a impressiva versatilidade vocálica de Jackson. “É apropriado ver ‘Shake Your Body Down’ como o verdadeiro início da carreira solo do adulto Michael Jackson”, observou o crítico musical Nelson George.
Don’t Stop ’Til You Get Enough, Off The Wall, 1979
“Esta música significa muito para mim”, escreveu Michael no livro Moonwalk. Disse que foi a sua primeira grande oportunidade e não estava brincando: um ponto de viragem na sua criatividade, justificou a afirmação com “foi a primeira música que escrevi como um todo.” De fato, era um tema que refletia a nova identidade de Michael e a sua abordagem musical: foi responsável pela composição, as vozes — principal e coro -, e imaginou a introdução narrada.
Rock with You, Off The Wall, 1979
“Músicas como Rock with You fomentaram a vontade de me tornar artista”. As palavras são de Usher, em 2009, mas poderiam ter sido proferidas por qualquer outro artista em qualquer outra altura desde o lançamento do tema, em 1979. 41 anos depois, continua a ser uma referência do R&B moderno e um dos seus temas mais sedutores. Foi a primeira de um rol de canções escritas para MJ por Rod Temperton (responsável por temas como Thriller, Off the Wall, entre outros) e o vídeo mostra um Jackson de vinte e um anos em um terno de lantejoulas, vintage, brilhante, dançando em meio à fumaça, luzes e lasers. Foi um grito distante dos curtas-metragens que viriam, mas a juventude atraente e a energia de Jackson continuam brilhando diante da tela.
Billie Jean, Thriller, 1982
É a obra prima de Jackson continua uma das mais populares músicas de dança no mundo, além de ser uma das mais aclamadas criticamente. Com a instantaneamente identificável e sombria linha de baixo e narrativa misteriosa dela, ela contém toda a fascinante tensão e paradoxo do criador dela. Ela é intrigante e perturbadora, explícita e enigmática, confissão e dissimulação. A interpretação visual de Jackson — primeiro na forma do apaixonante vídeo musical e, segundo, através da legendária performance, “Motown 25”, dele — somente aumentou a aura artística dela.
Beat It, Thriller, 1982
Chegou a número 1 uma semana depois de Billie Jean abandonar os tops — e a última música a ser adicionada em Thriller e, por causa dos prazos, estava, na reta final, a ser gravada em três estúdios diferentes simultaneamente. Desfiado a criar algo nervoso e com batida rock, por Quincy Jones, Jackson foi trabalhar na música determinado a surpreender. “Eu queria escrever o tipo de canção de rock que eu iria sair e comprar”, ele recorda, “mas também algo totalmente diferente das músicas de rock, que eu estava ouvindo no Top 40 do radio”. Em apenas semanas, ele voltou com “Beat It”. Jones e o resto do time ficaram atordoados. “Nós sabíamos que ele tinha aparecido com nitroglicerina”, Jones disse.
Human Nature, Thriller, 1982
Foi uma adição de última hora ao álbum Thriller, e surgiu de uma demo tape produzida pela banda Toto — Quando as sessões de gravação estavam terminando, o produtor Quincy Jones, ainda à procura de canções para fechar o álbum, ouviu algumas das faixas criadas pelo Toto. Foi o teclista Steve Porcaro que compôs, inspirado numa conversa com a sua filha sobre o seu dia na escola. Quando ouviu Human Nature, Jones achou que se adequava perfeitamente à voz tímida de Michael e que a vulnerabilidade musical assentava-lhe que nem uma luva. Foi o quinto single a sair do disco e chegou ao Top 10.
Thriller, Thriller, 1982
É difícil pensar em outra música na história da música popular que evoque a apresentação visual dela tão completamente quanto “Thriller”. “Se alguma vez um vídeo matou a estrela do rádio” escreveu Baz Dreisinger, “foi ‘Thriller’”. Longe de matar a música, no entanto, Thriller a trouxe para uma vida nova.
O álbum vendeu o triplo depois da aparição dele na MTV. O vídeo atraiu as pessoas para a música e a música atraia as pessoas de volta para o vídeo. Eles logo se tornaram inseparavelmente ligados. O traço comum, é claro, era Michael Jackson. Ainda hoje, quando alguém escuta o famoso refrão, a imagem, instantânea, é de um jovem e radiante Jackson em elétricas jaquetas e calças vermelhas, circulando Ola Ray, em flerte, metamorfoseando-se em alter egos, dançando sem esforço, com graça e funk entre zumbis, enquanto projetava uma energia e magnetismo que ainda empurram através da tela.O revolucionário vídeo de quatorze minutos de Thriller, essencialmente, reinventou o meio. Escrita para Jackson, por Rod Temperton, “Thriller” sempre foi concebida para ser “vista” além de ser ouvida.
Say Say Say, Pipes Of Peace, 1983
“Say Say Say” foi hit número 1 em novembro de 1983. A música foi coescrita por Jackson e Paul McCartney, e gravada no estúdio Abbey Roads, com George Martin, o legendário “quinto beatle”, como produtor. Martin disse de Jackson: “Ele verdadeiramente irradia uma aura quando ele vem para o estúdio.” O trabalho começou na faixa em 1981, mas foi completado dois anos depois do lançamento de Thriller. McCartney e Jackson fizeram um vídeo popular para a faixa, dirigido por Bob Gillardi, o qual foi filmado em Santa Ynez Valley, onde Jackson, mais tarde, iria comprar o Rancho Neverland dele. Uma otimista, contagiosa música pop que é, provavelmente, o melhor dueto Macca-Jackson.
We Are The World, USA For Africa, 1985
Angariou mais de 60 milhões de dólares para ajudar a acabar com a fome em África e juntou Bod Dylan, Ray Charles, Kenny Loggins, Lionel Richie e Cyndi Lauper, entre outros, numa mesma sala. Gravada numa noite, MJ escreveu o tema com Lionel Richie ao longo de várias semanas e ligava à irmã, Janet, para lhe cantar algumas partes da canção. Depois, entrou num estúdio sozinho para gravá-la, porque não conseguia esperar mais, e numa noite fechou a música com coro e instrumentais. O contributo das mega-estrelas selou o êxito, mas com uma ordem de Quincy Jones para os convidados: “Deixe seu ego do lado de fora”.
Bad, Bad, 1987
Bad deu nome ao álbum, introduziu uma nova imagem de Jackson e injetou um novo nível de tensão e agressividade na sua sonoridade. O vídeo — baseado na história real de um estudante afro-americano tragicamente morto, Edmund Perry — foi filmado na estação de metrô do Brooklyn e apresentou Jackson (vestido em couro preto e fivelas) liderando um grupo de membros de gangue em uma dança impecavelmente coreografada.
Dirty Diana, Bad, 1987
Quando “Dirty Diana” subiu ao topo da tabela Michael Jackson se tornou o primeiro artista a ter 5 singles no número #1 em um mesmo álbum. A participação do guitarrista Steve Stevens tocando os solos é histórica. Stevens, que havia acabado de sair da banda de Billy Idol, foi uma recomendação do produtor Ted Templeman a Quincy Jones
Man In The Mirror, Bad, 1987
Escrita no final das sessões de gravação de Bad, por Glen Ballard e Siedah Barrett, é a mais emocional balada, de Jackson, do disco. Estavam no último fim-de-semana de trabalho quando Jones indagou à dupla se não teriam nada para eles. Improvisaram algo e tocaram para Quincy no dia seguinte. Quando o produtor mostrou a Michael, concordou de imediato em incluí-la na tracklist, pedindo acrescentos do coro, uma parte assumida pelo Andrae Crouch Choir, de São Francisco. A indicação: “façam como se estivéssemos na igreja.” Dito e feito.
Smooth Criminal, Bad, 1987
Smooth Criminal é outro testemunho da singular e vívida imaginação de Jackson, que em um tempo quando a maioria dos vídeos musicais continuava a oferecer previsíveis representações em lugares prosaicos, Jackson nos deu outra memorável história, colocando-nos profundamente dentro do alternativo mundo do submundo da Chicago dos anos trinta. Aqui, em um tenso clube noturno, com o estalido de uma moeda dentro de uma jukebox, a cena vem à vida com música e dança, quando Jackson revela um dos movimentos dele que mais fazem os queixos caírem, desde “Billie Jean”.
The Way You Make Me Feel, Bad, 1987
Foi o terceiro tema consecutivo de Bad a chegar ao #1 lugar das tabelas e a ideia para o tema, curiosamente, foi, na verdade, sugerido a Jackson pela sua mãe. Depois de tentar explicar a música para o filho, Michael retrucou: “Eu acho que eu entendo o que você quiser.” Duas semanas depois, ele tinha escrito uma demo para a canção, resultando na primeira e única “colaboração” com a mãe.
Black Or White, Dangerous, 1991
Era uma chamada de atenção para a união, independentemente da cor da pele, e é talvez a melhor canção de Michael Jackson dos anos 90. Com um ritmo que combinava o rock clássico com o poder do R&B, Black or White foi co-escrita e co-produzida por Bill Bottrell, responsável também pela parte de rap da música .“Black or White” foi o maior single de Jackson, na América, desde “Billie Jean”. Ela ficou no #1 da Billboard Hot 100 por sete semanas. Ela também foi o maior sucesso global de Jackson, atingindo o topo dos charts em vinte países.
Remember the Time, Dangerous, 1991
Como clássicos anteriores (“Rock With You” e “The Way You Make Me Feel”), “Remember the Time” é um puro, inalterado, êxtase pop. Ela é, também, indiscutivelmente, a culminação do som new jack swing: suave, meticulosamente trabalhada R&B construída em um enérgico contratempo, com vocais emotivos. Teddy Riley a chamou de favorito trabalho colaborativo dele com Jackson. A música chegou ao #1 nos charts R&B e # 3, no Hot 100 em 1992. Com a forte sensação analógica dela e vintage groove de órgão, “Remeber the Time”, sabiamente, transmite o calor e nostalgia da letra da música.
Heal The World, Dangerous, 1991
Era a canção que mais se orgulhava de ter escrito, Michael confessou em um chat com fãs, em 2001, a música, lançou a Heal the World Fundation, uma organização dedicada a combater a pobreza, fome mundial, violência, e doenças pelo globo. Em 1992, a organização sem fins lucrativos, abriu escritórios pelo mundo e doou milhões de dólares para crianças desafortunadas, de Los Angeles à Iugoslávia. As inúmeras atividades da Heal the World Fundation, no início dos anos noventa, incluíram doações de suprimentos de inverno para as crianças de Sarajevo; preparar e enviar “caixas de sapato presentes” para empobrecidas crianças da Bósnia; transporte aéreo de doses de vacinas infantis, urgentemente necessárias na República da Geórgia; parceria com a Toys “R” Us e AmeriCares para entregar milhares de dólares em brinquedos e comida e suplementos para hospitais infantis em Budapeste; e pagar pelo transplante de um fígado para uma criança húngara.
Will You Be There, Dangerous, 1991
O tema foi escrito na “Giving Tree” da sua Neverland, abre com Beethoven, num prelúdio gravado pela Orquestra de Cleveland que cruza os apoteóticos acordes com um emocional monólogo no final. De ir às lágrimas — “Will You Be There” levou Michael Jackson para dentro de outro território artístico. A peça de quase oito minutos é, essencialmente, uma épica trilha sonora de filme, com raízes no black gospel, mas fundido com música clássica e rhythm and blues.
Earth Song, HIStory, 1995
Um visionário a altura: com este tema que chama a atenção para a devastação florestal e as alterações climáticas, Michael dizia em 1995 o que a muitos ainda custa admitir em 2020. A mensagem era simples: tudo o que precisa é amor, com foco na preocupação ambiental. Earth Song continua atual — e um hino em prol do planeta.
Scream, HIStory, 1995
“Scream” é uma afirmação musical. Depois do intenso escrutínio e desmoralização nos poucos anos anteriores, Jackson estava pronto para revidar com a arma mais poderosa que ele possuía: a música dele. Talvez, nenhuma outra canção na carreira de Jackson tenha este tipo de soco rotundo de “Scream”, uma furiosa expressão de indignação. Em faixas anteriores como “Wanna Be Startin’ Somethin’”, “Leave Me Alone” e “Why You Wanna Trip On Me”, é claro, ele tinha expressado alguns desses tipos de “pressões”, denunciando as mentiras da mídia e hipocrisias sociais.
They Don’t Care About Us, HIStory, 1995
Um rap-pop híbrido brilhante, politicamente potente, inspirado nas ruas. ‘‘They Don’t Care About Us’’ se tornou uma música que não apenas ressoou para os marginalizados na América, mas também para aqueles em todo o mundo. Sonoramente e liricamente ela bate como uma marreta, com Jackson lançando rimas sobre uma crepitante batida militar, cordas sinistras e refrão inesquecível. Ela é um hino dos oprimidos, um rap de resistência, certamente, uma das mais ponderosas músicas de protestos que surgiram nos anos 90.
Com certeza o MJ será sempre THE KING OF POP