A curiosidade intelectual de Michael Jackson sempre foi sua qualidade menos apreciada. Ele tinha mais de 10 mil livros em Neverland, e havia lido a maioria. Os proprietários das livrarias Book Soup, na Sunset Boulevard, e da Dutton’s, em Brentwood, vendiam caixas de livros para ele a anos. Michael era um cliente discreto que passava bastante tempo na seção de poesia, mas tinha um carinho especial pela abrangente filosofia de Ralph Waldo Emerson e dos transcendentalistas do século XIX. Era extremamente versado nos trabalhos dos grandes psicanalistas Sigmund Freud e Carl Jung, cujo trabalho Michael era capaz de discutir com uma sofisticação que surpreendia seus conhecidos no decorrer dos anos.

Muitas pessoas na mídia divertiam-se com as descrições da infame Última ceia pendurada na cabeceira de Jackson em Neverland, um retrato dele sentado no centro de uma mesa comprida, flanqueado por Walt Disney de um lado e Albert Einstein do outro, com Thomas Edison, Charlie Chaplin, Elvis Presley, John F. Kennedy, Abraham Lincoln e Little Richard ocupando os lugares restantes.

Muito pouca gente sabia que Michael tinha estudado as biografias de cada um desses “heróis inspiradores” e era capaz de contar suas histórias de vida com detalhes riquíssimos. Ele sentia uma fascinação de longa data por celebridades que morreram jovens, e desde meados dos anos 1980 Michael manifestava imensa surpresa por ter sido “sempre a mesma história” — referindo-se a sexo e drogas — que levou a vida daqueles famosos a fins prematuros e trágicos.

Os múltiplos esforços de Michael para aprender e crescer mesmo em meio às circunstâncias mais caóticas comoveram e confundiram muitas pessoas que entraram em sua vida. Michael bombardeava de perguntas qualquer um que afirmasse ter um conhecimento profundo sobre alguma área de conhecimento. Ele estudou a medicina com afinco e, com a ajuda de Arnold Klein e outros médicos, Jackson conseguiu assistir a diversas cirurgias no Centro Médico da Universidade da Califórnia. Jackson e Marlon Brando, outro onívoro, passaram boa parte do tempo em que estiveram juntos discutindo os conceitos científicos e as tecnologias que ambos estudavam.

Deepak Chopra, que se encontrou com Michael pela primeira vez nos bastidores da turnê Dangerous em Bucareste, recorda: “Ele era cercado por multidões em aeroportos, fazia uma apresentação exaustiva por três horas, e quando eu ia encontrá-lo nos bastidores, ele estava tomando uma garrafa de água e lendo um pouco de poesia sufista”.

One Comment

  1. Acredito que Michael não buscava somente o conhecimento em todos os livros em que lia e sim paz e sossego enquanto estava absorvido pelas obras literárias…era o momento de viajar pela imaginação! O poder da leitura vai muito além das palavras impressas e ele sabia disso. Michael é um homem sábio!

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