Na fase final da seleção de músicas para o álbum “Bad“, Michael Jackson e Quincy Jones buscavam algo que pudesse “espalhar um pouco de luz ao mundo” e trazer uma seriedade adicional ao projeto. Com essa missão em mente, Quincy pediu aos cantores e compositores do seu selo, Qwest Records que apresentassem novas produções originais. A jovem cantora e compositora Siedah Garrett aceitou o desafio, compondo uma faixa comovente.

Garrett explicou suas intenções: “Queria oferecer a Michael algo significativo que ele desejasse compartilhar com o mundo. Não podia ser apenas mais uma canção de amor; precisava ter substância. Michael nunca tinha gravado algo assim antes. Foi uma grande honra quando Quincy considerou minha música boa o suficiente para apresentar a Michael e incluí-la no álbum ‘Bad’.”

A profundidade emocional e a mensagem impactante da canção de Garrett ressoaram perfeitamente com o que Jackson e Jones procuravam. Essa faixa trouxe uma nova dimensão ao álbum, evidenciando a capacidade de Michael de abordar temas mais sérios e universais em sua música.

Este momento decisivo na produção de “Bad” não só ampliou os horizontes musicais de Michael Jackson, mas também destacou o talento de Siedah Garrett. Sua contribuição ajudou a criar um dos álbuns mais icônicos da história da música pop, com uma mensagem que tocou profundamente ouvintes ao redor do mundo.

Siedah Garrett e Michael Jackson

Durante um seminário em Paris organizado pela Dorothy’s Gallery, Siedah Garrett revelou a fascinante origem do título da icônica música “Man in the Mirror”. A história remonta a uma sessão com o pianista John Beasley. Ao atender um telefonema de maneira enigmática, Beasley despertou em Siedah a pergunta:

“Que tipo de homem ele poderia ser? Um homem no espelho?”

Anos mais tarde, quando Quincy Jones a incumbiu de colaborar com o escritor Glen Ballard, a expressão “homem no espelho” voltou à sua mente. As palavras fluíram tão rapidamente que Siedah mal conseguia acompanhar, completando os dois primeiros versos e o refrão em apenas 15 minutos.

Enquanto Glen Ballard finalizava a canção, Siedah, empolgada, correu até a casa de Quincy Jones no fim de semana para entregar a demo. A resposta foi imediata e entusiástica: em poucas horas, Quincy ligou, dizendo: “Sid, esta é a melhor música que ouvi em dez anos!”

Mais tarde, Michael Jackson chamou Siedah para finalizar a letra. “Eu nunca tinha falado com Michael antes… por dentro eu pensava, ‘Meu Deus, é o Michael Jackson!’” relatou Siedah. Michael pediu para que o refrão fosse mais longo, e Siedah apresentou seis novas estrofes. Michael não só adorou a letra, mas também elogiou a voz de Siedah.

Ouçam a versão de Man In The Mirror por Sieda Garrett:

No entanto, o tom usado por Siedah na demo era muito alto para Michael. Assim, ela voltou ao estúdio D de Westlake para ajustar a faixa, enquanto Michael assistia, filmava a sessão.

Esta colaboração intensa e criativa resultou em “Man in the Mirror”, uma das músicas mais impactantes e memoráveis da carreira do Rei do Pop.

“Man in the Mirror” é a espinha dorsal do álbum “Bad”. Michael Jackson não queria apenas adotar os valores transmitidos pela música; ele desejava iluminá-los com uma convicção inabalável. Durante as turnês “Bad” e “Dangerous”, a performance de “Man in the Mirror” levava os fãs às lágrimas.

No palco, Michael girava freneticamente, como se estivesse invocando ventos de mudança, antes de se ajoelhar, implorando ao mundo que ouvisse sua mensagem e atendesse ao seu clamor por transformação.

Cada concerto de Michael Jackson se transformava em uma poderosa plataforma para aumentar a conscientização sobre as questões sociais abordadas em “Man in the Mirror”.Ele se fundia com a música, sua presença magnética capturava a essência de sua mensagem:

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