Em 13 de junho de 2005, o mundo parou para ouvir o veredito: Michael Jackson foi considerado inocente em todas as acusações de abuso infantil. Para alguns, foi uma surpresa. Para muitos, foi um alívio. Para outros, infelizmente, foi apenas mais uma narrativa que decidiram ignorar.
O julgamento de Michael Jackson não foi apenas sobre seu nome ou sua arte. Foi um espelho cruel das falhas do sistema judicial americano, especialmente quando se trata de homens negros. Mesmo sendo um dos artistas mais famosos do planeta, Jackson teve que provar sua inocência com um nível de evidência que ultrapassa o razoável.
A cobertura do julgamento foi massiva, muitas vezes mais interessada em alimentar o circo midiático do que em reportar os fatos. E mesmo depois de inocentado por um júri completo, o estigma permaneceu. Isso não diz muito sobre Jackson, mas diz tudo sobre o racismo estrutural e o poder destrutivo da mídia.
Para um homem negro ser absolvido nos Estados Unidos, ele precisa ser mais que inocente — precisa ser extraordinário. E Michael foi. Sua defesa desmontou cada alegação, expôs contradições, mostrou motivações financeiras, e ainda assim, muitos se recusaram a ouvir.
Mesmo com uma investigação de 10 anos do FBI que não encontrou nenhuma evidência de culpa, a dúvida ainda paira para parte do público. Por quê? Porque a narrativa da culpa de um homem negro é mais vendável do que a complexidade de sua inocência.
Michael Jackson enfrentou mais do que um tribunal. Ele enfrentou décadas de estigmas raciais, uma mídia sensacionalista e uma sociedade que tem dificuldade em admitir que pode estar errada. E venceu. Mas venceu a um custo que poucos suportariam.
O peso da cor de sua pele nunca saiu do centro da equação. Muitos se perguntam: se Michael fosse branco, teria sido julgado da mesma forma? A verdade é que o julgamento expôs uma ferida antiga dos EUA: a desconfiança automática em homens negros, mesmo quando eles são inocentados.
O veredito não foi apenas uma vitória pessoal, foi um ato histórico. Representou um momento raro em que o sistema judicial não cedeu aos preconceitos populares. Mas também revelou o quão longe ainda estamos de uma justiça verdadeiramente igualitária.
A mídia, por sua vez, não teve o mesmo compromisso. Seguiu alimentando dúvidas, criando documentários enviesados, ignorando provas concretas e recontando a história a partir de estereótipos antigos. Isso não é jornalismo, é perseguição disfarçada de entretenimento.
Michael Jackson merecia paz. Merecia respeito após o julgamento. Mas para um homem negro em posição de poder, muitas vezes a justiça real nunca chega. E é por isso que precisamos falar sobre isso. Porque não basta ser inocente — é preciso que o mundo aceite sua inocência.
Somente quando isso acontecer, estaremos mais perto de uma sociedade justa de verdade. Enquanto isso, cabe a nós lembrar: em 13 de junho de 2005, Michael Jackson venceu. Só falta o mundo aceitar que ele venceu com dignidade e verdade.