Em uma era de consumo de ‘notícias falsas’, onde mora a verdade sobre Michael Jackson?

Quarenta anos atrás, Michael Jackson atingiu o auge da fama com o sucesso estrondoso de “Thriller“, tornando-se o homem mais famoso do mundo. Durante esse período, ele escreveu “Price of Fame“, uma música em que lamenta o custo de sua notoriedade: “Eu quero um rosto que ninguém possa reconhecer, no disfarce / Alguém chamou meu nome / Eles pensavam em tirar fotos, autógrafos, eles pegaram / Minha alegria se transformou em dor”. Essa letra revela o conflito constante entre sua imensa popularidade e o desejo de privacidade.

Michael Jackson, ao lado de Prince Rogers Nelson, ambos nascidos no verão de 1958, foram os principais discípulos de James Brown, não apenas em termos musicais, mas também na ética de trabalho. Michael, conhecido por sua dedicação incansável, descobriu maneiras de capitalizar sua fama. Sua relação com a MTV durante a era dos videoclipes exemplifica um relacionamento mutuamente benéfico, onde artistas e mídias promocionais se complementavam. No entanto, esse equilíbrio nem sempre se manteve, e a exploração da fama de Michael Jackson se tornou um terreno perigoso.

A verdadeira virada ocorre quando a mídia passa a distorcer e manipular informações, algo que Michael aborda na música “Tabloid Junkie” de 1995. O refrão é um alerta claro: “Só porque você leu em uma revista / Ou porque viu na TV / Não acredite”. Para os fãs de Michael, isso é um grito contra as “Fake News”, uma luta que eles conhecem intimamente há décadas. O jornalista James Baldwin já havia abordado esse fenômeno em 1985, destacando como a “cacofonia de Michael Jackson” não se tratava apenas do artista, mas de uma indústria bilionária que se alimentava de sua existência.

Essa indústria de desinformação perpetua histórias bizarras e sensacionalistas sobre Michael, desde teorias sobre ele ser castrado quimicamente até rumores de que ele ainda está vivo. Esses relatos, embora absurdos, continuam a surgir, gerando receitas publicitárias e mantendo a narrativa de que Michael era “um cara estranho”. Cada reforço dessa narrativa dá origem a mais histórias, alimentando um ciclo vicioso de desinformação.

A citação de Michael, “Por que não dizer às pessoas que sou um alienígena de Marte? Diga-lhes que eu como galinhas vivas e faço uma dança vodu à meia-noite. Eles vão acreditar em qualquer coisa que você disser, porque você é um repórter”, ilustra sua frustração com a mídia. Mesmo após sua morte em 2009, a necessidade de criar histórias sobre ele não diminuiu. Dois homens, com o mesmo advogado, tentam mover ações monetárias contra seu espólio, que gerou bilhões desde sua morte. Michael Jackson continua no topo da lista da Forbes de “celebridades mortas mais ricas de todos os tempos”, superando ícones como Elvis Presley, John Lennon e Bob Marley, perpetuando seu status como o alvo preferido da mídia sensacionalista.

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