A década de 90 foi mágica para Michael Jackson, o Rei do Pop. Ele estava no auge de sua carreira solo e, entre 1996 e 1997, levou ao mundo a lendária HIStory World Tour. Foi um espetáculo grandioso, uma celebração de luzes, dança e hits imortais.
Os shows redefiniram o conceito de performance ao vivo, atraindo milhões de fãs hipnotizados, e tornaram-se a turnê de maior arrecadação por um artista masculino solo naquele tempo. Cada parada era uma explosão de emoção, e o Brasil quase fez parte desse capítulo histórico.
Poucos sabem que, em fevereiro de 1998, o Brasil estava prestes a receber a HIStory Tour. Quatro cidades foram cotadas para o espetáculo: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e até mesmo Brasília. O maior show da Terra estava a caminho, e com ele, a chance de ver o Rei do Pop ao vivo, em nosso próprio país. Contudo, os bastidores da produção revelaram um desafio inesperado: o patrocínio. Marcas de bebidas alcoólicas foram as únicas a demonstrar real interesse, mas Michael, em sua firme postura ética, recusou-se a associar sua imagem a esses produtos.
Esse princípio inegociável foi um dos motivos pelos quais o sonho brasileiro de fazer parte da HIStory não se concretizou. Michael Jackson sempre foi muito além de um astro pop — ele era um símbolo de valores profundos. Mesmo com o desejo de levar seu espetáculo ao Brasil, a integridade do artista falou mais alto. Sem patrocinadores que respeitassem suas convicções, a chance de trazer o show para nossas terras se desfez, deixando milhões de fãs desolados.
Além disso, uma mudança em sua vida pessoal fez com que Michael encerrasse a turnê antes do previsto. Ele decidiu encurtar a terceira parte da HIStory Tour para priorizar algo mais importante: a paternidade.
Após anos de dedicação exaustiva à música e aos palcos, ele voltou seu olhar para os filhos. Aquele momento marcava uma transição, um afastamento temporário dos holofotes para que ele pudesse se concentrar em ser pai.
Embora o Brasil tenha perdido a chance de vivenciar a HIStory Tour, o legado de Michael em nossas terras foi eternizado de outra forma. O curta-metragem de “They Don’t Care About Us“, filmado no Pelourinho, em Salvador, e nas favelas do Rio de Janeiro, sob a direção de Spike Lee, trouxe a essência do país para a arte do Rei do Pop. Michael Jackson, mesmo sem pisar com sua turnê no Brasil, deixou uma marca profunda e eterna na nossa cultura.
O espetáculo que nunca aconteceu foi, de certa forma, substituído por um símbolo de união, resistência e arte que transcende o tempo: