Quando as luzes do palco finalmente se apagavam e a multidão enlouquecida cessava seus gritos, Michael Jackson entrava em uma nova fase de performance — um espetáculo silencioso, onde seu maior crítico o aguardava: ele mesmo.
Após cada show, o Rei do Pop se recolhia ao seu santuário particular, sempre em busca de aperfeiçoamento.
Segundo seu assistente pessoal e estilista Michael Bush, de volta ao hotel, a primeira parte de seu ritual era física. Ele removia as roupas encharcadas de suor com a ajuda de Bush e se dirigia ao banho, para aliviar a tensão do corpo exausto. Enquanto isso, Bush organizava os incontáveis presentes que Jackson recebia dos fãs e empresários, que variavam desde ursinhos até obras de arte grandiosas.
Mesmo exausto, Michael, sempre atencioso, não deixava de cuidar de sua equipe, perguntando a Bush como estava sendo sua experiência na cidade em que estavam, demonstrando que, mesmo no auge de sua carreira, ele preservava um espírito generoso.
Vestido em seus pijamas de algodão — alguns comprados, outros feitos sob medida —, Michael tentava, sem sucesso, se alimentar. A adrenalina pulsava tão forte que ele mal conseguia comer. Embora o chef preparasse pratos cuidadosamente, a refeição muitas vezes ficava intocada. A verdadeira nutrição de Jackson vinha da busca incansável pela perfeição, e era ali que ele mergulhava de novo: revia obsessivamente as gravações do show recém-terminado.
Cada detalhe importava.
Cada erro, por menor que fosse, exigia correção.
Durante a Bad Tour, em Tóquio, Michael detectou um som sutil, quase imperceptível, durante a performance de Billie Jean. Ninguém na plateia de milhares percebeu, mas ele sim. Ele pressionou o botão de retrocesso repetidamente até identificar a falha: o som das lantejoulas de sua icônica luva arranhando o microfone. Para qualquer outro artista, seria insignificante. Para Michael, era inaceitável. Ele ordenou que as lantejoulas fossem removidas da palma da mão, mostrando que seu compromisso com a excelência era quase sobrenatural.
A cada noite, após se despir de sua persona pública, Michael Jackson não descansava. O palco continuava vivo em sua mente, e ele, sempre o maior crítico de si mesmo, buscava formas de se superar. Nos bastidores de cada show, havia um artista que, mesmo sendo o maior do mundo, acreditava que o melhor ainda estava por vir.