Poucos artistas ousaram desafiar as narrativas históricas como Michael Jackson. Em 1992, com o lançamento do icônico Remember the Time, ele fez mais do que criar um videoclipe: ele abriu uma janela para a grandiosidade do antigo Kemet (Egito), restaurando a representação negra ao centro de uma civilização frequentemente distorcida. Ao misturar história, arte e música, Michael transformou o pop em uma poderosa ferramenta de reconexão cultural e resgate histórico.
A produção do clipe, no entanto, enfrentou barreiras significativas. Quando Steven Spielberg, um dos maiores diretores de todos os tempos, recusou-se a colaborar com o projeto, alegando que não era “comercialmente viável”, Michael não hesitou. Com determinação inabalável, financiou o curta-metragem de seu próprio bolso, mostrando que sua visão era maior do que interesses comerciais.
Para dar vida à sua ideia, trouxe o aclamado diretor John Singleton, que compartilhou de sua visão autêntica e celebrativa da África ancestral.
Remember the Time não foi apenas uma ode ao antigo Egito; foi um ato de resistência cultural. A narrativa visual do clipe rejeitou a tradicional representação hollywoodiana de Kemet como uma terra de reis e rainhas brancos.
Em vez disso, Michael Jackson trouxe à tela um elenco majoritariamente negro, com Eddie Murphy, Iman e Magic Johnson personificando a realeza e a sofisticação da civilização Kemetyu. A grandiosidade exibida no clipe foi um lembrete poderoso: Kemet foi um marco da excelência negra na história da humanidade.
Além de seu impacto visual, o clipe tornou-se um marco na mídia global. Até hoje, é a única representação na grande mídia que se aproxima da verdadeira história dos africanos no antigo Kemet. Michael Jackson, em um gesto de profundo compromisso com sua herança, rompeu com o padrão de narrativas “caiadas”, oferecendo ao mundo um olhar mais próximo da realidade histórica. Ele transformou o videoclipe em um veículo para ensinar e inspirar, honrando os ancestrais que construíram uma das civilizações mais avançadas de todos os tempos.
Michael Jackson, como sempre, estava anos à frente de seu tempo. Com Remember the Time, ele não apenas criou um clássico musical, mas também devolveu a Kemet sua essência africana.
Em uma época em que a representação negra ainda enfrentava desafios na mídia, Michael mostrou que era possível reescrever a história com verdade e orgulho. O impacto de sua obra transcende gerações, lembrando-nos que a excelência negra não é apenas um reflexo do passado, mas uma força que molda o presente e o futuro.