Na noite de 9 de dezembro de 1984, o Dodger Stadium, em Los Angeles, testemunhou um momento que marcaria o fim de uma era na música.

Era o último show da turnê Victory, o capítulo final da trajetória dos Jacksons como grupo. Após a eletrizante performance de “Shake Your Body (Down to the Ground)“, Michael Jackson oficializou o inevitável: “Esta é a nossa turnê de despedida, vocês foram maravilhosos, já se passaram vinte anos e amamos todos vocês!”

Assim, encerrava-se a união artística que outrora revolucionou o cenário musical global.

A turnê Victory, inspirada na estratégia dos Rolling Stones, foi o ponto de ruptura. Com um álbum criado como pretexto para os shows, a turnê apresentou ao público americano uma nova proposta logo após as festividades de 4 de julho. No entanto, observadores atentos notaram que o espetáculo era uma extensão da Triumph Tour, com ajustes estratégicos. Sucessos do álbum Thriller tomaram o lugar das canções de Off the Wall, embora Michael recusasse-se a cantar a faixa-título por questões religiosas, reafirmando sua complexa relação com as Testemunhas de Jeová.

Ao longo do verão e outono de 1984, cada palco reafirmava uma verdade latente: Michael Jackson havia transcendido o grupo familiar. Ele já era uma estrela de brilho próprio, enquanto os irmãos seguiam como coadjuvantes de luxo. As tensões internas, alimentadas por divergências criativas e contratuais, só eram mediadas pela intervenção de advogados.

Nesse cenário, Michael deu um passo estratégico, contratando Frank DiLeo, então chefe de promoção da Epic Records, como seu novo empresário. DiLeo, um visionário do marketing, seria fundamental na gestão de um Michael que já não pertencia ao grupo, mas ao mundo.

A decisão de Michael de seguir carreira solo não foi impulsiva, mas inevitável. O sucesso de Thriller, o álbum mais vendido de todos os tempos, fez dele um fenômeno cultural sem precedentes. No palco, ele dominava o público com precisão cirúrgica, enquanto sua dança e presença evocavam um magnetismo que os outros Jacksons, por melhores que fossem, não conseguiam igualar.

A Victory Tour, apesar de grandiosa, era um epílogo: a coroação de Michael como o Rei do Pop e o encerramento de um ciclo familiar.

O último show, no entanto, foi mais do que um adeus artístico. Foi um momento de libertação. Michael, que crescera sob o olhar atento e rígido de Joe Jackson, agora assumia o controle completo de seu destino. Ele agradecia aos fãs pelos “vinte anos” de apoio, mas, implicitamente, afirmava que era hora de caminhar sozinho. E assim o fez, com passos que ecoariam para sempre na história da música.

A separação oficial dos Jacksons marcou o fim de um capítulo e o início de uma nova jornada. Michael Jackson seguiria para redefinir o que significava ser uma estrela global, enquanto seus irmãos buscavam manter suas próprias carreiras. O Dodger Stadium não foi apenas o cenário de um show; foi o palco de uma despedida simbólica, um rito de passagem.

O mundo assistiu ao clã se despedir, mas foi Michael quem realmente disse adeus, rumo a uma glória que somente ele alcançaria.

3 Comments

  1. O que dizer: que o acompanhei desde o início de carreira é deixa muita saudade!!!

  2. Lembro-me que fui ao baile de lançamento do LP Thriller, promovido pela equipe Chic Show, no então ginásio esportivo do Palmeiras, no pque. Antárctica, em 1983. Além da.faixa The Girl is mine, Bet it, trazia uma faixa fantástica com o Título The Lady in my Life. Conheci uma garota encantadora, chamada Selma Regiane. Que recordações maravilhosas eu trago da época.

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