“Você acha que está muito rasgada?” Michael perguntou, segurando a camiseta branca entre os dedos. O corte que começava no decote descia até quase a metade do tecido, revelando um vislumbre de sua pele. Antes que alguém pudesse responder, ele sorriu de lado e completou: “As garotas querem ver um pouco de ‘pastel’.”
Era assim que ele chamava seu peito, “pastel”, como se fosse algo comum e descontraído. Mas nada era comum em Michael Jackson. Cada rasgo em suas camisetas era feito com precisão, calculado por ele mesmo com uma tesoura. Em alguns dias, o corte era sutil; em outros, exagerado, dependendo de seu humor. Sob suas jaquetas militares ornamentadas, que transmitiam autoridade e controle, estava essa peça simples e rebelde que enviava outra mensagem: “Sou como você.”
”Mas por que você rasga assim?” o estilista Michael Bush perguntou certa vez, intrigado.
“Porque é meu jeito de dizer que não sou perfeito – e nem quero ser.”
Essa rebeldia não parava por aí. Michael tinha o hábito de manchar suas roupas de propósito, algo que deixava os estilistas horrorizados. Um dia, ele pegou um pouco de maquiagem no camarim e passou no ombro de uma jaqueta impecável. Quando questionado, ele apenas respondeu com um sorriso enigmático: “Você não pode ficar sujo? Por que não?”
Essa atitude descontraída era, na verdade, cuidadosamente pensada. Ele sabia que as pessoas estavam sempre procurando algo para interpretar nele, e ele adorava brincar com isso.
Para uma sessão de fotos na revista Life, ele vestiu meias de cores diferentes – uma rosa e outra amarela. O mundo enlouqueceu. “Quem veste este homem?” perguntaram. Michael apenas riu. “Quem disse que as meias precisam combinar?”
Os fãs viam nele algo que os conectava a si mesmos. “Olhe para o Michael”, pensavam. “Ele é perfeito, mas também é humano.” Ele sabia disso.
“Michael, as pessoas vão achar isso estranho”, alguém comentou.
“Ótimo”, ele respondeu. “Estranho faz pensar. Pensar faz sentir. E é isso que eu quero.”
Cada detalhe – o rasgo, a mancha, as combinações inusitadas – fazia parte de um espetáculo maior, uma dança entre o comum e o extraordinário. Era assim que Michael Jackson comunicava sem dizer uma palavra.
Em cada palco, em cada foto, ele nos lembrava de que a verdadeira magia está em desafiar o que é esperado e transformar o ordinário em algo extraordinário.