Michael Jackson e Bubbles, o Chimpanzé

No coração de um mundo que, tantas vezes, se mostra cruel com os mais vulneráveis, Michael Jackson foi uma alma que escolheu amar o indefeso. Suas canções falavam de cura, paz e empatia. Mas foi fora dos palcos que ele protagonizou um dos capítulos mais ternos de sua vida: a amizade com Bubbles, um chimpanzé resgatado do destino cruel dos laboratórios e acolhido como parte da família.

Bubbles nasceu no Texas, em 1983, e caminharia para um destino de sofrimento até ser salvo por Michael. Ainda jovem, o chimpanzé foi viver em Encino, mas encontrou seu verdadeiro lar em Neverland, onde dormia em berço, usava o banheiro como gente e era tratado com o mesmo carinho que Michael dedicava a seus filhos. Lá, em meio a brinquedos, filmes e doces, ele floresceu – não como animal de estimação, mas como amigo.

Michael não apenas cuidava de Bubbles. Ele o integrava. Levava-o para estúdios de gravação, onde o chimpanzé assistia calmamente às sessões de “Bad”. Ele também participou das filmagens dos curtas “Leave Me Alone” e “Liberian Girl”, como se a arte de Michael exigisse sempre a presença dos seres que ele amava. Nas entrelinhas da fama, havia espaço para inocência, e Bubbles foi a prova viva disso.

Quando a turnê mundial de “Bad” passou pelo Japão, Michael e Bubbles dividiram uma suíte de hotel em Tóquio e foram recebidos até mesmo pelo prefeito de Osaka. O chimpanzé, comportado, impressionou a todos com sua serenidade.

Mas o tempo não poupa nem mesmo os laços mais doces. Com o nascimento de Prince, seu primeiro filho, Michael compreendeu que seria mais seguro para Bubbles viver em um santuário. Ainda assim, ele nunca foi abandonado. Em visitas discretas, Michael e seus filhos reencontravam o velho amigo, agora residente do “Centro para Grandes Primatas” na Flórida, onde vive rodeado por árvores, música instrumental e uma vida digna.

Segundo os cuidadores, Bubbles é hoje um senhor chimpanzé de 73 quilos, mas com uma alma doce. Desenha, descansa com seu melhor amigo Sam e leva uma rotina serena, embora – segundo seu antigo treinador – jamais tenha esquecido Michael. Ele o reconheceu na última visita. Chimpanzés têm memória. E Bubbles tem lembranças demais: do carinho, do riso, do som, da dança. De um amigo que nunca o tratou como bicho, mas como igual.

Essa história não é apenas sobre um homem e seu chimpanzé. É sobre a capacidade de amar sem limites, sobre ternura num mundo em ruínas. Michael Jackson, com todos os seus paradoxos, nos ensinou que o amor verdadeiro não se limita à espécie. Bubbles, o chimpanzé mais famoso do mundo, segue vivo – não apenas entre as árvores da Flórida, mas nos versos não cantados de um homem que jamais quis ver um inocente sofrer.

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