Criar um videoclipe de apenas quatro minutos pode parecer um processo simples, mas quando se trata de Michael Jackson, nada é feito de maneira convencional.
Para dar vida a Leave Me Alone, o diretor Jim Blashfield levou nove meses em um árduo processo de animação, após apenas três dias de filmagem com o Rei do Pop. Cada detalhe foi meticulosamente planejado para transformar imagens estáticas em um espetáculo visual sem precedentes.
“Para a maioria dos diretores, quando as gravações de um filme terminam, o trabalho está praticamente encerrado. Mas para esse projeto específico, nós apenas estávamos começando”, disse Blashfield, relembrando o trabalho insano que foi transformar o conceito do videoclipe em realidade. Encomendado para responder às críticas incessantes sobre Michael, Leave Me Alone é um passeio caótico e simbólico pela vida do astro, repleto de imagens surreais e referências diretas às fofocas que o cercavam.
Michael Jackson, segundo Blashfield, estava totalmente aberto a explorar sua própria imagem de forma satírica. “Ele não se importava que mencionássemos cirurgias plásticas ou que zombássemos das histórias que a mídia contava sobre ele. Para ele, tudo bem”, revelou o diretor. No entanto, nem todos na família Jackson concordavam. “Ouvi dizer que a mãe dele não gostou muito do resultado final”, completou.

A produção foi repleta de elementos inusitados, incluindo a participação de Bubbles, o chimpanzé de estimação de Michael, e sua cobra python. “Bubbles não deu trabalho algum. Ele só precisava montar no foguete enquanto girava lentamente em um dispositivo usado para gravar comerciais de carros”, contou Blashfield. A equipe também visitou reservas de animais para fotografar lhamas e pavões, além de explorar parques de diversões em busca de elementos visuais que dessem vida ao videoclipe.
Cada cena de Leave Me Alone é uma verdadeira colagem de imagens sobrepostas, como se fossem camadas de vidro empilhadas umas sobre as outras.
O nível de complexidade era tão alto que um dos animadores ficou semanas trabalhando apenas no efeito do “splash” da água em uma única cena. “Cada parte do vídeo tem sua própria história, seu próprio processo, seu próprio especialista”, explicou Blashfield.


O resultado final não foi apenas um videoclipe, mas uma obra de arte cinematográfica que venceu o Grammy de Melhor Vídeo Musical em 1990.
Leave Me Alone não apenas respondeu aos críticos, mas consolidou ainda mais o legado de Michael Jackson como um artista visualmente inovador. Uma prova de que, no universo do Rei do Pop, cada detalhe importa – e cada segundo de tela pode levar meses para ser criado: