Em 11 de novembro de 1991, o mundo parou para ouvir uma canção que não falava de romance, dor ou superação pessoal — falava de uma luta coletiva. “Black or White”, lançada como primeiro single do álbum Dangerous, revelou ao mundo um Michael Jackson que já não se contentava em apenas entreter: ele queria gritar. A música veio como um soco elegante, uma melodia contagiante vestida com palavras afiadas, denunciando o racismo de forma inédita para um artista de sua magnitude. Era o início de uma nova era para o Rei do Pop.

O impacto foi imediato. A canção explodiu nas paradas, atingindo o topo da Billboard Hot 100 e permanecendo ali por dez semanas consecutivas. Tornou-se o single mais vendido da década de 90, atrás apenas do hino atemporal “Billie Jean”. Mas, mais do que números, o que Black or White representou foi um divisor de águas. Pela primeira vez, uma estrela da música pop usava seu prestígio para iluminar as sombras persistentes do preconceito racial, que ainda manchavam as estruturas sociais dos Estados Unidos e do mundo.

O videoclipe de “Black or White” foi um acontecimento planetário. Milhões de pessoas assistiram à transmissão simultânea, tornando o lançamento um dos eventos televisivos mais vistos da história da música. Mais do que danças e efeitos visuais, o vídeo carregava uma mensagem poderosa: não importava se você era negro ou branco, todos tinham o direito de serem tratados com igualdade. Michael não apenas cantava, ele clamava — por respeito, por humanidade, por justiça.

Para um artista constantemente questionado pela mídia, pela cor da pele, pelas transformações físicas e pelo alcance de sua fama, Michael encontrou na arte um refúgio e uma arma. Em “Black or White”, ele deixou claro que não era apenas uma voz melódica. Era um homem com sentimentos, com causa, com consciência social. E decidiu que era hora de usar o palco global que ocupava para falar por milhões que não tinham microfones em mãos.

A música logo foi abraçada por fãs de todas as idades e nacionalidades. O ritmo vibrante, a letra direta e o refrão marcante fizeram dela uma espécie de hino contra o racismo moderno. Mas talvez o maior mérito da canção esteja na coragem de Michael em assumir publicamente um posicionamento firme, algo que muitos artistas evitam até hoje. Ele quebrou o silêncio, rompeu barreiras invisíveis e pagou o preço — mas deixou um legado.

Mais do que um hit, “Black or White” é um marco. Representa o momento em que Michael Jackson decidiu que não seria apenas uma cor, uma figura enigmática ou um produto da indústria. Ele seria, acima de tudo, um ser humano que não aceitava mais a divisão pela pele. E por isso, esta canção continua a ecoar, como um grito eterno contra todas as formas de ódio.

One Comment

  1. Era o inicio da década de 1990 e com ela vieram suas modernidades. Michael precisava de assuntos mais concretos para seu trabalho. O disco Dangerous, já sem o Quincy Jones, produzido pelo próprio Michael era um disco temático, voltado mais para questões sociais como proteção ao meio ambiente na canção “heal the world ^, o amor ao próximo em ” will you be there” e a mais polêmica: a discussão racial, que o Michael viveu na pele. A canção ” Dangerous ” é embutida de frases de efeito como : eu não vou passar minha vida sendo apenas uma cor. De onde vem o seu sangue é onde é o seu lugar. Mas a mensagem maior está no refrão:” if you”re thinking of being my brother, it don’ t matter if you’ re Black or white” _ se você está pensando em ser meu irmão, não importa se você é preto ou branco (…)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *