Nos Bastidores do Trono: Um olhar íntimo sobre Michael Jackson

”A luz dourada da manhã filtrava-se pelas janelas de Neverland, e havia um silêncio incomum pairando sobre o rancho que, por anos, foi palco de risos, carrosséis e músicas eternas. Era como se o mundo tivesse parado para ouvir uma canção de ninar. Pela primeira vez desde que Michael Jackson se tornara pai, eu estava de volta à sua fortaleza encantada. Já o havia fotografado ali antes — nos dias de pura fantasia e celebração — mas desta vez, tudo era diferente. Havia um novo personagem nessa história: seu filho, Prince.

Michael não era apenas o artista lendário diante das lentes — agora ele era um pai, com olhos atentos e mãos gentis. Dentro de sua casa, entre brinquedos, quadros e memórias, vi algo que jamais imaginei capturar: o Rei do Pop embalando seu primogênito com a mesma ternura com que tratava uma melodia rara.

Em seus braços, o pequeno Prince recebia canções suaves, cantadas por aquela voz que o mundo conhecia, mas agora num tom que apenas um filho poderia escutar.

Seguimos até o parque de diversões privativo — aquele mesmo onde ele costumava se perder entre risos infantis e montanhas-russas. Mas naquela tarde, Michael se entregava a um novo tipo de alegria. Rodeado por animais e pelas crianças de seus funcionários, ele parecia renascer, redescobrindo sua infância através dos olhos do filho. Nunca o vi tão completo.

No quarto de Prince, o tempo parecia suspenso. Michael se sentava em silêncio, observando o bebê adormecer após a canção. Não havia holofotes, nem fãs gritando seu nome, apenas o pulsar de um amor simples e imenso. Era ali, na intimidade das paredes cor-de-sonho, que o verdadeiro trono de Michael se revelava: não nos palcos, mas nos braços de seu filho.

E então, no quarto de Michael, eu a vi — a cadeira de veludo vermelho. Ela estava ali como um símbolo, quase mitológico. Sentei-o nela para uma das últimas fotos do dia. Era como fotografar um rei no momento em que ele abdica das glórias públicas para viver sua maior conquista: a de ser pai. Aquela imagem — o trono, o homem, o silêncio — tornou-se uma das mais simbólicas de toda minha carreira.

Hoje, quando olho aquela fotografia, não vejo apenas uma lenda da música. Vejo um pai, um homem com suas cicatrizes e ternuras, tentando dar ao filho o que ele mesmo nunca teve: uma infância verdadeira. E talvez seja isso o que mais humaniza Michael Jackson. Aquele dia em Neverland não foi sobre fama. Foi sobre amor. E eu tive a sorte de estar lá, câmera em punho, testemunhando tudo isso.”

— por Harry Benson, fotógrafo

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