O Caderno Secreto de Michael Jackson: As Origens de “Smooth Criminal”
Havia algo de quase místico na forma como Michael Jackson criava. Entre luzes de estúdio e sombras de bastidores, o Rei do Pop escrevia o futuro da música e do entretenimento com detalhes tão minuciosos quanto poesia.
Um documento raro, revelado anos após sua passagem pela arquivista do Espólio, Karen Langford, nos transporta para dentro da oficina criativa de Michael: um briefing escrito de próprio punho, destinado ao diretor de “Smooth Criminal“, um dos clipes mais icônicos da história.
No papel cada frase pulsa com a intensidade de um artista que não aceitava nada menos que a perfeição. “Assista a todas as grandes danças gravadas em fita, estude as grandes e torne-se maior”, ordena Michael, como um general instruindo seu exército antes da batalha. Mas ele não queria apenas repetir movimentos: queria reinventá-los, queria dominá-los até que se tornassem parte de seu próprio DNA artístico.

As referências escolhidas revelam muito sobre sua visão estética: Bob Fosse, gênio absoluto do teatro e do cinema, conhecido por movimentos curtos, precisos e cheios de tensão; Flashdance e All That Jazz, duas obras que capturam a essência visceral da dança como expressão de alma e resistência. E ainda The Band Wagon e Girl Hunt, relicários dourados de uma era em que a dança servia tanto ao espetáculo quanto à narrativa.
Michael não via o videoclipe apenas como um complemento visual da música. Para ele, era uma extensão da canção — uma performance imersiva, cinematográfica e memorável. Cada passo em “Smooth Criminal” seria meticulosamente calculado para dialogar com o som, a câmera, o cenário. Cada giro, cada inclinação antigravitacional, seria fruto de horas de estudo, de repetição e de uma busca incansável pela inovação.
Esse pequeno pedaço de papel, guardado como um tesouro é mais do que um briefing: é um portal. Ele nos convida a enxergar Michael não apenas como o entertainer incomparável, mas como o arquiteto visionário que era. Um artista que, ao invés de se apoiar em seu sucesso, mergulhava de cabeça em uma pesquisa quase científica da arte que amava.
E assim, “Smooth Criminal” nasceu — não do improviso, mas da alquimia entre a reverência ao passado e a fome insaciável de criar algo que o mundo jamais tinha visto. No final, Michael Jackson não apenas estudou os grandes. Ele se tornou maior.