O papel secreto de Michael Jackson na trilha sonora de Sonic the Hedgehog 3

Poucos mistérios na interseção entre música e videogames provocaram tanta fascinação quanto o envolvimento de Michael Jackson em Sonic the Hedgehog 3. Há décadas, fãs especulam, comparam melodias, vasculham entrevistas e conectam pontos. Mas foi só nos últimos anos, com declarações como as do tecladista Brad Buxer, que a névoa começou a se dissipar. O que antes era apenas rumor, hoje ganha contornos cada vez mais nítidos de verdade: o Rei do Pop realmente deixou sua marca, mesmo que invisível, no icônico jogo da SEGA.

Em 2023, no Abbey Road Institute em Paris, Buxer revisitou seu passado sonoro e abriu caminho para uma das histórias mais curiosas do universo pop. Ex-integrante da banda new wave The Jetzons e colaborador íntimo de Jackson nos anos 90, ele relembrou como os dois trabalharam juntos em composições destinadas ao jogo Sonic 3. “Michael me ligou às 10h30 da manhã”, contou ele. “Eu levei um toca-fitas. Anotava todas as ideias, ele dizia: ‘Brad, você consegue fazer isso, certo?’” Assim, entre ideias para fases congeladas e zonas carnavalescas, nascia também um clássico: Stranger in Moscow.

A revelação de que essa canção melancólica, lançada no álbum HIStory, nasceu em meio às sessões criativas para um videogame pode parecer absurda — até que se escute o tema dos créditos finais de Sonic 3. As semelhanças são gritantes. Segundo Buxer, bastaram 90 minutos para que a música tomasse forma, após Michael ouvir um simples esboço de teclado. A fusão entre o universo lúdico dos games e a profundidade emocional de Jackson tornou-se um marco oculto da cultura pop.

Mas Sonic 3 não é feito apenas de créditos finais. As fases Ice Cap Zone e Carnival Night Zone também carregam o DNA musical de Jackson e Buxer. A primeira, dizem os fãs mais atentos, tem base em uma faixa nunca lançada dos Jetzons; a segunda ecoa batidas familiares da música Jam, de 1991.

E por que, então, Michael Jackson nunca foi creditado no jogo? A resposta é frustrante e, ao mesmo tempo, reveladora. Na época, as limitações técnicas dos consoles não permitiam que a música fosse reproduzida com fidelidade. Para um perfeccionista como MJ, essa degradação era inaceitável. Ele se recusou a ver seu nome associado a algo que não representava a qualidade de seu trabalho — mesmo que isso significasse apagar seus próprios rastros.

Hoje, quase três décadas depois, os fãs continuam conectando pistas, como detetives de ouvidos aguçados. A história da trilha sonora de Sonic 3 já não é apenas um boato de internet, mas um capítulo escondido da carreira de Michael Jackson. Um capítulo que desafia os limites da música pop e prova que sua genialidade tocou até os pixels acelerados de um ouriço azul.

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