O ano era 1993. As ruas da Cidade do México estavam tomadas por uma energia quase sobrenatural. Nas estações de rádio, só se falava de uma coisa: Michael Jackson estava vindo. Pela primeira vez como artista solo, o astro pisaria no solo mexicano para uma série de shows históricos que marcariam não apenas sua carreira, mas a própria cultura pop do país. A expectativa era tão alta quanto as arquibancadas do Estádio Azteca — palco sagrado do futebol que, por cinco noites, se transformaria no trono de um rei.

A “Dangerous World Tour” desembarcou no México entre os dias 29 de outubro e 11 de novembro. Cinco apresentações que esgotaram em questão de horas. Ao todo, mais de 500 mil pessoas assistiram ao espetáculo, estabelecendo um recorde de público que permanece como lenda. O que se viu no palco foi mais que um show — foi um ritual. Michael surgia em meio à fumaça como uma divindade do pop, desafiando a gravidade com seus passos e costurando o céu com seus gritos inconfundíveis. Gente chorava. Gente desmaiava. Gente simplesmente não acreditava.

Mas um dos momentos mais inesquecíveis dessa passagem aconteceu fora do script. Em uma das noites, uma estrela mexicana brilhou mais perto do sol: Thalía, ícone da música e da televisão latina, foi chamada ao palco. Não havia roteiro. Apenas emoção. Ao se aproximar, ela o abraçou com reverência:

A presença de Michael em solo mexicano ia muito além de uma turnê: era como se o continente dissesse, em uníssono, “você também é nosso”. E naquele abraço, naquela breve troca de calor humano em meio ao frenesi das luzes, estava a confirmação dessa aliança sagrada entre artista e povo.

Michael Jackson deixou o México, mas o México nunca o deixou. Décadas se passaram e as imagens daquela turnê continuam vivas, pulsantes, como se ainda estivessem ecoando nos túneis do Azteca. Os vídeos da multidão, dos gritos, da coreografia milimetricamente perfeita, do olhar surpreso de Thalía e do sorriso do Rei ainda emocionam. Há quem diga que foi ali, entre mariachis invisíveis e batidas de “Billie Jean”, que o pop americano se curvou, pela primeira vez, ao calor e à alma latina.

Não há como revisitar esse momento sem sentir a pele arrepiar. Michael Jackson não era apenas um astro — ele era um acontecimento. E em 1993, esse acontecimento sacudiu o México. Foi mais que Dangerous. Foi inesquecível.

5 Comments

  1. Amo esse artista incrível,e maravilhoso,generoso e gentil. Saudades Michael Jackson

  2. Existem ídolos que realmente deixam saudade quando partem cedo : Michael Jackson, Marie do Roxette, Dolores do Cranberries se foram precocemente.

  3. A mexicana Thalia, bem novinha em começo de carreira se rendeu ao ídolo como sua maior inspiração. Michael tinha um público latino muito grande. Cada apresentação nas Américas era memorável.

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