O Banimento do Episódio dos 'Simpsons' com Michael Jackson | MJ Beats
Bart Simpson e Michael Jackson em desenho gerado por IA

O Banimento do Episódio dos ‘Simpsons’ com Michael Jackson

Lançado originalmente em 19 de setembro de 1991 como o episódio de estreia da terceira temporada de Os Simpsons, “Stark Raving Dad” (Papai Muito Louco) rapidamente se tornou um clássico cult. O episódio conta com a participação especial — e não creditada — de Michael Jackson, dublando o personagem Leon Kompowsky, um paciente de hospital psiquiátrico que acredita ser o próprio Rei do Pop. A aparição foi envolta em mistério, marcada por contratos, pseudônimos e, mais tarde, censura.

O Enredo: Jackson, Camisa Rosa e Loucura Institucional

Tudo começa quando Homer aparece no trabalho com uma camisa rosa, após Bart ter acidentalmente colocado seu boné vermelho na máquina de lavar. O visual excêntrico leva o Sr. Burns a considerá-lo um “anarquista perigoso”, resultando em sua internação forçada num hospital psiquiátrico.

Lá, ele conhece Leon Kompowsky, um homem grande, branco e careca que acredita ser Michael Jackson. Homer, que nunca viu o verdadeiro MJ, acredita na história. Enquanto isso, Bart esquece o aniversário de Lisa e, para se redimir, escreve com Leon a canção “Happy Birthday, Lisa”composta por Jackson exclusivamente para o episódio.

A música se tornou um dos momentos mais marcantes da série, e curiosamente, a voz cantada não é de Jackson, mas do cantor Kipp Lennon, por restrições contratuais. Ainda assim, foi o próprio Michael quem escreveu a canção e insistiu em participar do episódio de forma anônima, usando o pseudônimo “John Jay Smith”.

Apagamento pós falso documentário Leaving Neverland

Em 2019, com o lançamento do (fake) documentário Leaving Neverland, a 20th Century Fox, já em vias de fusão com a Disney, removeu “Stark Raving Dad” de todas as plataformas oficiais, incluindo Disney+, reruns e novas versões em DVD da terceira temporada.

Al Jean, produtor da série, foi além e declarou ao The Daily Beast que acredita que Jackson usou o episódio como parte de um suposto “processo de grooming” (aliciamento) — uma acusação séria, mas sem qualquer comprovação judicial, já que Michael foi inocentado em 2005 com testemunho sob juramento de um dos acusadores do documentário, inclusive.

A exclusão causou revolta entre fãs, que apontaram hipocrisia e revisionismo, considerando que a participação de Jackson sempre foi tratada como um presente especial à série — incluindo um rerun em sua homenagem em julho de 2009, logo após sua morte.

Leon Kompowsky: Entre o Homenageado e o Impostor

O personagem de Leon é, por si só, uma ironia brilhante. Ele acredita ser Michael Jackson e usa essa persona para espalhar felicidade. No final, revela-se um pedreiro de New Jersey, que descobriu que agir como Michael o fazia se sentir amado.

O episódio também satiriza o próprio preconceito da sociedade: em meio à expectativa pela chegada de MJ na casa dos Simpsons, a multidão grita “Esse não é o Michael Jackson! Ele devia ser negro!”, escancarando como o mito ultrapassa a aparência.

“Do The Bartman” e o Legado Oculto

Pouco antes do episódio ir ao ar, Michael também teve envolvimento na criação da faixa “Do The Bartman”, sucesso internacional que chegou ao topo das paradas na Nova Zelândia e na Holanda. Ele co-produziu e emprestou backing vocals, embora também tenha usado pseudônimo por questões contratuais com a Epic Records.

Disponibilidade e Raros Exemplares

Hoje, “Stark Raving Dad” só pode ser encontrado em DVDs da terceira temporada lançados antes de 2019, ou em uploads fragmentados no YouTube. A versão original com Jackson foi substituída por outro episódio nos boxes atuais, e a raridade aumentou tanto o valor dos discos antigos quanto a percepção de censura.


Para assistir:
Não há versão oficial disponível em streaming, mas alguns trechos podem ser encontrados online por conta de fãs que preservaram a obra.

Para ouvir:
A versão de “Happy Birthday, Lisa” com a voz de Michael Jackson vazou há alguns anos e está disponível no YouTube.
Curiosidade: essa versão era para ter sido lançada num CD-Bônus da Edição Especial de “Dangerous” em 2001, junto com outras músicas inéditas: “If You Don’t Love Me”, “Monkey Business” e “For All Time” estavam entre elas.