Michael Jackson não apenas revolucionou a música e a dança — ele redefiniu o estilo. Sua imagem icônica, marcada por jaquetas militares, cinturas ajustadas e luvas brilhantes, era resultado de um processo criativo minucioso.
Mais do que roupas, Michael usava o figurino como parte de sua arte, e sua obsessão pelos detalhes era tão grandiosa quanto seu talento. “O tempo não é nosso amigo, Bush, mas eu preciso de…”, dizia ele ao estilista Michael Bush, que junto com Dennis Tompkins, vestiu o Rei do Pop por décadas.
Jackson era fascinado pelo visual militar e por símbolos reais, e buscava inspiração em revistas de moda, cultura de rua e estilos históricos. Chegou a enviar sua equipe para a Europa só para observar o que as pessoas estavam vestindo. Depois, eles arrancavam páginas de revistas e criavam roupas a partir das imagens que mais chamavam a atenção do cantor. A moda, para Michael, era mais do que estética — era uma linguagem visual com a qual ele contava histórias, como em Beat It, Thriller ou Smooth Criminal.
Tudo partia de sete peças-base: jaquetas militares curtas, calças estilo anos 40, ternos, camisas específicas para certos shows e hits, e claro, o famoso veludo vermelho. Em 1985, Dennis tirou as medidas definitivas de Michael, com sua cintura de 71 cm e peito de 91 cm, e essas medidas se tornaram padrão. Com um manequim do cantor sempre à disposição, os estilistas conseguiam criar figurinos com agilidade. As provas eram evitadas, pois o astro detestava esse processo — “nos salvava tempo”, contou Bush.

Mas o que mais impressionava não era apenas a exigência estética de Michael. Era sua fé inabalável nas pessoas com quem trabalhava. Ele fazia seus colaboradores acreditarem que o impossível era possível. “Michael tinha essa forma de alcançar as pessoas… de fazer você dar o seu melhor”, escreveu Bush. Essa confiança gerava não só figurinos deslumbrantes, mas também uma equipe disposta a ultrapassar qualquer limite por ele.
O Rei do Pop não aceitava “não” como resposta — e talvez seja por isso que alcançou o que parecia inatingível. Vestir Michael Jackson era mais do que costurar — era participar de uma missão artística e emocional. E cada botão, fivela ou costura, carrega até hoje um pouco da genialidade de um homem que via a moda como parte de seu legado eterno.