Lançado em 31 de agosto de 1987, Bad representou muito mais que apenas um novo trabalho de estúdio. Foi o marco definitivo da maturidade artística de Michael Jackson. Produzido por Quincy Jones e co-produzido pelo próprio Michael, o álbum mostrou um artista mais seguro, criativo e no controle da própria narrativa. Pela primeira vez, quase todas as canções foram compostas por ele, além de assumir o comando do marketing e da estética visual.
Apesar das comparações inevitáveis com Off the Wall e Thriller, muitos críticos não enxergaram de imediato a revolução que Bad representava. Ainda assim, o álbum fez história: foi o primeiro da música a emplacar cinco singles consecutivos no topo da Billboard Hot 100. Um feito que permanece impressionante até hoje.
A sequência de sucessos começou com I Just Can’t Stop Loving You, um dueto romântico com Siedah Garrett. Depois veio Bad, com um videoclipe transformado em curta-metragem dirigido por Martin Scorsese e com participação de Wesley Snipes. Em seguida, vieram The Way You Make Me Feel, Man in the Mirror e Dirty Diana. Todas alcançaram o primeiro lugar nos EUA.
Se isso é estar na pior, quem dera todos estivessem assim. Michael Jackson entregou um disco ousado, energético e pessoal. A produção é impecável e os vocais atingem níveis impressionantes. Seth Riggs, seu treinador vocal, ressaltava o domínio técnico do cantor, que conseguia cantar com potência enquanto dançava sem perder o fôlego.
Apesar da excelência artística, Bad não foi abraçado pela crítica como se esperava. Indicada a seis categorias do Grammy, incluindo Álbum do Ano, a obra não levou nenhuma estatueta. Michael ficou profundamente abalado com isso. “Julgaram minha aparência, não minha música”, desabafou. Chorou durante toda a noite.
O julgamento da aparência não era novidade. A mudança na cor da pele, causada por vitiligo, virou tema de tabloides. Michael era acusado de tentar “embranquecer” usando clareadores como a hidroquinona, quando, na verdade, lutava para controlar os efeitos de uma doença autoimune. E ele não ficou calado: respondeu tudo isso em Leave Me Alone, faixa onde critica duramente a mídia. A música ganhou o Grammy de Melhor Videoclipe Curto em 1990.
Em Smooth Criminal, Michael traz à tona um tema pesado e ousado: a violência contra mulheres. A canção foi destaque do filme Moonwalker e é um dos maiores exemplos de sua capacidade de misturar entretenimento com crítica social. Já The Way You Make Me Feel, apesar do clima sedutor, revela uma ansiedade escondida: Michael precisava de validação, mesmo quando ela já estava dada.
O álbum Bad vendeu cerca de 64 milhões de cópias no mundo inteiro, estreou em primeiro lugar em 25 países e consolidou-se como o segundo disco mais vendido da história na época. Tudo isso mesmo sendo subestimado por uma indústria que já não o via com os mesmos olhos. A verdade é que Bad levou a sonoridade de Michael Jackson a um nível que o próprio Thriller não tinha alcançado.
Mesmo com polêmicas, julgamentos e desconfiança, Michael provou sua força criativa, seu talento e sua garra. Bad não é só um disco. É um grito. É a arte sendo usada como escudo e como espada.