A gentileza é uma virtude em extinção. Quando sobrevive em alguém famoso, ela se torna alvo fácil. Michael Jackson, além de gênio artístico, foi um homem absurdamente gentil e generoso, e por isso mesmo, pagou um preço alto demais. A mídia preferiu o escândalo ao caráter, a manchete ao homem.
Quem se permitiu olhar além das caricaturas midiáticas, descobriu um ser humano sensível, que jamais destratou alguém — nem mesmo os que o feriram publicamente. Ele não gritava, não xingava, não ofendia. Preferia o silêncio e o perdão. Seu sorriso, mesmo nas fases mais dolorosas da vida, seguia sendo sua primeira resposta ao mundo.
A imagem pública que tentaram colar em Jackson é incompatível com relatos de pessoas que o conheceram de perto. Sua mãe, Katherine Jackson, um dia disse com pesar: “Você é um homem. Você tem que ser forte.” Mas reconhecia: “Ele é gentil. Apenas um homem gentil.” E foi exatamente essa gentileza que o mundo não soube retribuir.

Michael dedicou anos inteiros a causas humanitárias. Doou dinheiro, tempo e presença. Doou vida. Visitou hospitais, levou esperança a crianças doentes, abraçou o invisível. Mas tudo isso foi ignorado por um sistema que prefere destruir do que reconhecer. E quanto mais ele dava, mais lhe arrancavam pedaços da alma.
Mesmo assim, ele jamais deixou de ser quem era. “Eu prefiro sofrer a tirar vantagem dos outros”, confessou certa vez. “Eu tenho visto o pior das pessoas, o pesadelo da condição humana.” A lucidez dessas palavras revela a dor de quem acreditava no bem, mas foi traído pela maldade alheia.
Em 2001, o jornalista Jonathan Margolis viveu uma cena reveladora. A caminho da Universidade de Oxford, onde Michael discursaria para acadêmicos, o astro entrou em pânico ao perceber que iria se atrasar. Sua preocupação não era com a imagem, mas com os outros: “Ele queria ligar para todos os que havia atrapalhado por estar atrasado.” Essa urgência em se desculpar, vinda de um homem que não devia satisfação a ninguém, dizia muito sobre seu caráter.
Chama-se respeito. Algo que ele oferecia aos outros e que raramente recebeu de volta. A mídia, sobretudo a sensacionalista, preferiu pintar Michael como uma aberração. Ignorou sua generosidade, sua fé, sua vulnerabilidade. E quando surgiam vozes em defesa dele, eram abafadas porque “falar bem de Michael não vendia”. Falar mal, sim — isso dava lucro.
Mas o tempo passa, e a verdade encontra caminho. Hoje, com mais liberdade para falar, pessoas próximas vêm à tona com relatos comoventes. Como o de Paddy Dunning, que se lembrava com carinho: “Ele adorava torta de maçã e sorvete… Era gentil, cavalheiro… O homem que conheci desaparecia quando eu via o que falavam dele na mídia.”
A pergunta persiste: por que tanta crueldade com alguém tão gentil?
Talvez por não suportarem ver grandeza moral em alguém tão famoso. Talvez porque a bondade expõe a feiura dos que vivem na mentira.
Mas a verdade é que Michael Jackson foi perseguido por ser diferente – no talento, na alma, na generosidade.