Michael Jackson não era chamado de Rei do Pop à toa. Além de dominar os palcos com suas coreografias e carisma únicos, ele também sabia montar equipes criativas com precisão cirúrgica. Um exemplo disso são os guitarristas lendários que acompanharam sua carreira, especialmente a partir do álbum Off The Wall (1979).
Esse disco marcou o início da fase adulta do cantor e trouxe uma nova abordagem sonora. A guitarra passou a ocupar um espaço essencial em suas músicas, servindo tanto para sustentar o groove quanto para oferecer momentos explosivos de energia. Foi o começo de uma sequência de colaborações com músicos de primeira linha.
Mas nenhuma dessas parcerias foi tão icônica quanto aquela feita para uma faixa do álbum Thriller (1982). Estamos falando, é claro, de “Beat It” – e do solo que virou lenda, executado por Eddie Van Halen.
Na época, Eddie era o guitarrista mais falado do planeta. Seu estilo agressivo, técnico e inovador revolucionou o rock. Quando Quincy Jones, produtor de Michael Jackson, o convidou para gravar um solo, Eddie aceitou – não por dinheiro, mas por amizade. “Eu devia um favor ao Quincy”, contou anos depois.
O curioso é que Eddie gravou tudo em menos de 30 minutos. Ele não apenas tocou o solo, como também sugeriu mudanças nos arranjos da faixa. “Fiz algumas alterações sem dizer nada para ninguém”, revelou. “Achei que se eles não gostassem, poderiam apagar depois.”

O que Eddie não esperava era a reação dentro da própria banda. Seus colegas do Van Halen não ficaram nada felizes. Michael Jackson ainda não era uma figura consolidada no rock, e o envolvimento com um astro do pop soava estranho para os padrões do grupo.
Em entrevista à CNN, Eddie foi sincero: “Pensei comigo: ‘quem vai saber que eu toquei no disco desse garoto, certo?’”. A resposta veio rápido. O disco se tornou o mais vendido da história e “Beat It” virou um clássico instantâneo.
O solo ganhou vida própria. É considerado um dos mais memoráveis da música pop e foi fundamental para que Thriller atravessasse barreiras e conquistasse também os fãs de rock. A mistura de gêneros virou marca registrada de Jackson – e um novo padrão para a indústria.
Enquanto isso, Eddie enfrentava críticas internas. “Certas pessoas da banda não gostavam que eu tivesse atividades paralelas. Mas Roth estava na Amazônia, Mike na Disneylândia, Al no Canadá… Eu estava em casa, sozinho”, contou. A verdade é que ninguém imaginava a dimensão daquele momento.
Hoje, o encontro entre Michael Jackson e Eddie Van Halen é visto como um marco. Não só uniu dois gênios, mas quebrou as fronteiras entre o pop e o rock, influenciando toda uma geração de músicos e ouvintes.
E pensar que tudo começou com um favor, um telefonema e 30 minutos de improviso em um estúdio. Às vezes, é isso o que basta para mudar a história da música.
Assista ao clipe ”Beat It”: