Nos últimos dias, uma faixa intitulada “Buffalo Bill” passou a circular nas redes sociais e fóruns de fãs de Michael Jackson. A demo, atribuída ao Rei do Pop, despertou curiosidade por apresentar uma sonoridade que remete ao período de transição entre os álbuns Victory (1984) e Bad (1987). Mas após análise técnica e contextual, a MJ Beats confirma: não se trata de uma gravação legítima.
A suposta demo foi identificada como criação de inteligência artificial, algo evidenciado não só pelas hashtags utilizadas na divulgação (#ai, #aivocals, #artificialintelligencemusic), mas também por padrões vocais sintéticos e inconsistências de produção que não condizem com os arquivos autênticos das sessões de estúdio de Michael Jackson.
O que é “Buffalo Bill” de verdade?
“Buffalo Bill” é uma música real composta por Michael Jackson e John Barnes em 1983, registrada durante as sessões do álbum Victory e depois revisitada no início da produção de Bad. Segundo relatos de colaboradores como Bill Bottrell e Matt Forger, a faixa nunca foi finalizada nem lançada oficialmente.
Um trecho da letra chegou a ser compartilhado por Bottrell em um post já deletado nas redes:
“Who shot Buffalo Bill? They said he shot a lot. Did he ever get killed?”
A música também foi mencionada em uma entrevista não autorizada de Michael em 1983, onde ele expressava entusiasmo pelo tema histórico da canção.
Por que sabemos que a faixa é falsa?
- As hashtags que acompanham o vazamento incluem termos como
#ai
,#aivocals
,#artificialintelligencemusic
e#coverai
, o que indica uso deliberado de clonagem vocal. - A voz soa artificial, com variações sutis de dinâmica que não são compatíveis com o estilo vocal natural de Michael.
- Não há qualquer menção à existência dessa gravação em catálogos internos, coletâneas, ou vazamentos de fontes reconhecidas.
- Especialistas e engenheiros que participaram das sessões originais não reconheceram essa versão como autêntica.
Esse tipo de produção faz parte de uma onda cada vez maior de músicas criadas por inteligência artificial, feitas para chamar atenção e enganar fãs que não desconfiam. Mas isso levanta um alerta. Quando se trata de artistas como Michael Jackson, que colocavam verdade e emoção em tudo o que faziam, essas cópias digitais acabam desrespeitando sua história.
A IA pode copiar a voz e até o estilo, mas nunca vai conseguir reproduzir o sentimento real por trás da música. Por isso, é importante ficar atento, checar as fontes e valorizar o que é original. Voz a máquina pode até fazer. Mas alma, não.