Em 1989, Michael Jackson assinou um contrato milionário com a L.A. Gear. A marca, em ascensão, queria competir com Nike e Reebok e apostou na campanha Unstoppable. O acordo, estimado em até US$ 28 milhões, foi anunciado em uma coletiva cinematográfica em Los Angeles, com MJ usando, pela primeira vez, um par de tênis da marca diante da mídia.
O plano: liberdade criativa para Michael, uma linha exclusiva inspirada no visual de Billie Jean e aparições dos modelos em clipes do álbum Decade 1979–1989 (que acabou cancelado). A L.A. Gear mirava os Air Jordan; MJ testava novas formas de dialogar com moda e juventude.
Em 1990 saiu o único comercial: Michael em um beco noturno, dança minimalista, “magia” de cena e a sobrinha Brandi assistindo pela janela. Sem música, estético e hoje cult. Nas lojas, porém, os tênis com fivelas e rebites encalharam na volta às aulas.
Sem álbum, sem clipes e com vendas fracas, a relação azedou. A L.A. Gear processou Michael; ele contra-atacou. Em 1994, acordo fora dos tribunais e fim do assunto.
Para Michael, foi um experimento de imagem que não falou a mesma língua do varejo. Ele seguiu adiante e redefiniu a década com Dangerous. A L.A. Gear, por sua vez, perdeu tração. Décadas depois, os raros pares “Billie Jean” viraram peça de colecionador — e o comercial, memória pop de um artista que sempre priorizou a obra e o controle criativo, mesmo quando o mercado queria outra coisa.




