Remember the Time: Quando Michael Jackson Reescreveu a História do Egito Antigo | MJ Beats
Remember the Time: Quando Michael Jackson Reescreveu a História do Egito Antigo | Michael Jackson e fotografado no set para as filmagens de seu video Remember the Time com o ator Eddie Murphy e a modelo Iman 1992

Remember the Time: Quando Michael Jackson Reescreveu a História do Egito Antigo

A força de Remember the Time, lançado em 1992, ultrapassa a música e o impacto pop. Michael Jackson sabia exatamente o que estava fazendo ao colocar no centro do videoclipe um Egito antigo interpretado por artistas negros. Não era apenas estética. Era reposicionamento histórico. O gesto foi pensado, estratégico e executado com precisão.

Por décadas, Hollywood insistiu em mostrar o Egito por lentes eurocêntricas. Faraós brancos, rainhas brancas e figurinos que ignoravam completamente a ancestralidade africana da região. Essa narrativa se tornou tão comum que parecia impossível de questionar. Jackson viu o erro e decidiu corrigi-lo, usando a linguagem audiovisual que dominava como poucos.

Para concretizar essa visão, ele contou com o diretor John Singleton, um nome essencial dentro do cinema negro. O videoclipe assume a forma de um curta cinematográfico com Eddie Murphy como faraó, Iman como rainha e Magic Johnson como mensageiro real. Essas escolhas reforçam a mensagem central: um Egito coerente com suas raízes africanas.

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Eddie Murphy, Michael Jackson, John Singleton e Iman. Bastidores de ”Remember The Time”, 1992

A presença de um elenco majoritariamente negro já carregava força política. Mas Jackson foi além. Ele reconstruiu o cenário com símbolos, cores e elementos visuais conectados à estética africana. Tudo dialogava com uma ideia clara de identidade. Era a cultura pop corrigindo uma distorção histórica.

Quando Remember the Time chegou às telas, a indústria ainda relutava em reconhecer a negritude nas civilizações africanas. Hollywood preferia manter a fantasia branca. Jackson rompeu com esse padrão ao apresentar, em escala global, aquilo que muitos pesquisadores já afirmavam havia décadas: o Egito é África e sua história está profundamente ligada à identidade negra.

O impacto foi imediato. Para milhares de jovens negros ao redor do mundo, ver aquela corte poderosa e cheia de presença significou reconhecimento. Era representatividade num tempo em que a palavra ainda nem fazia parte das pautas públicas. Era a sensação de pertencer a uma história sempre negada.

Remember the Time permanece como um dos marcos culturais mais importantes da trajetória de Michael Jackson. Sua relevância não está apenas na estética impecável, mas na coragem de confrontar narrativas que pareciam intocáveis. O curta segue funcionando como lembrete de que a cultura pop pode desafiar, iluminar e reconstruir visões. E Michael Jackson fez isso no momento certo e diante do mundo inteiro.