Por Andréa Luisa Bucchile Faggion;
Originalmente publicado na coluna “Amém”, Edcyhis (2001);
Republicação adaptada pela MJ Beats.
Invincible foi — e continua sendo — um dos álbuns mais esperados da história da música pop. Além da expectativa natural que sempre cerca um lançamento de Michael Jackson, o disco passou por diversos adiamentos e foi mantido em sigilo por muito tempo, o que gerou inúmeros boatos.
Duas frases ajudaram a alimentar essa ansiedade:
- “Vocês não viram nada ainda.” — Michael Jackson
- “Esperem o inesperado.” — Rodney Jerkins
As primeiras amostras do que se prometia como um novo som na música pop começaram a surgir. A estreia foi com “You Rock My World“.
Talvez você esteja entre os que não conseguem parar de ouvir essa faixa. Críticas que surgiram no passado sobre o estilo vocal em HIStory dificilmente se aplicam aqui. Sem exibicionismos, Michael entrega uma interpretação precisa — um clássico em sua discografia.
Mas… e a tal revolução? Será que “You Rock My World” tem potencial para se tornar um marco da música popular? É difícil julgar no calor do momento.
Depois, veio “Cry“, lançada em um contexto marcado pelos atentados de setembro de 2001. Não por acaso, a canção ganhou um novo significado naquele cenário. O esperado era uma grande balada — e “Cry” cumpre esse papel com perfeição.
Muitos então apostavam que o vídeo de “You Rock My World” traria a esperada “nova era” de Michael. Não seria exagero esperar algo nesse sentido, afinal, assim como os Beatles reinventaram os videoclipes ao fazer filmes que pareciam clipes, Michael revolucionou o gênero criando clipes que mais pareciam filmes.
Chamar o vídeo de “You Rock My World” de “mero clipe” parece até injusto. Mas, gostando ou não do resultado, o fato é que ele nos remete ao Michael Jackson de sempre — à sua essência artística, às referências do passado.
E isso levanta a pergunta: seria apenas nostalgia? Não era para vermos um novo Michael?
Talvez a proposta seja justamente nos lembrar que, em comparação com o presente, até o passado pode parecer menos inventivo do que imaginávamos. As referências a trabalhos anteriores parecem intencionais — longe de uma simples falta de criatividade.
Voltando às frases que abriram este texto, fica a dúvida: qual era o real objetivo de Michael ao nos apresentar esse tipo de material?
Se fizermos um exercício de futurologia, talvez vejamos este momento como um teaser — um prelúdio discreto de Invincible e um elegante convite ao que ainda estava por vir. Um Michael em plena reinvenção.
Mas alguém pode perguntar: “O que mais ele precisa provar? Por que sempre se reinventar? Por que não ser apenas o Michael de sempre?”
A resposta talvez seja simples: para Michael Jackson, ser “o mesmo de sempre” significa, justamente, não se acomodar. A reinvenção faz parte de sua essência. Se ele deixasse de se recriar, perderia aquilo que o torna único.
Por isso, talvez o melhor conselho para o Michael de Invincible fosse:
“Faça como nos velhos tempos, Michael — seja novo!”
[*] Este texto foi adaptado para refletir os valores e diretrizes atuais, com o objetivo de preservar sua relevância e respeito ao público contemporâneo.