Por Andréa Luisa Bucchile Faggion;
Originalmente publicado na coluna “Amém”, Edcyhis (2002);
Republicação adaptada pela MJ Beats.
Para os fãs do recluso Moonwalker, o lançamento de um novo álbum é mais do que a chance de ouvir músicas inéditas. É a oportunidade de reviver a magia do Rei. Cada álbum, independentemente das vendas, costuma abrir uma nova era de shows, clipes, entrevistas e aparições que, invariavelmente, entram para a história.
Nesse sentido, o álbum Invincible foi o mais aguardado de todos. O mistério que cercou sua produção, as promessas de Michael e os sucessivos adiamentos criaram uma expectativa sem precedentes entre os fãs. Infelizmente, a decepção acabou sendo proporcional a essa expectativa.
Não se trata de discutir se o álbum foi um fracasso — ao contrário, os números até parecem sólidos, considerando o contexto.
A frustração reside, na verdade, na inexplicável ausência de Michael.
Meses após o lançamento de Invincible, o que temos até agora é:
- dois shows, com apenas uma música do álbum no setlist;
- dois clipes insossos, que deram mais trabalho aos fãs para promovê-los na MTV do que alegria;
- entrevistas superficiais e repetitivas;
- aparições apagadas e sem grande relevância;
- e muitos, muitos boatos — alguns dos mais mirabolantes — tentando explicar uma situação tão inesperada.
A cada semana, os fãs renovam as esperanças por uma reviravolta.
Mas o tão prometido clipe de “Unbreakable” continua preso nos storyboards. Quem sabe uma apresentação no Grammy, como nos tempos da era Bad, não traria de volta a normalidade ao “Planeta Jackson”?
Mais uma decepção: Michael, embora convidado, não se apresentou. E assim segue o cortejo de Invincible.
Será que Michael comparecerá ao “enterro” do álbum? Provavelmente não.
O mais intrigante é que ele não parece preocupado com o futuro de sua carreira musical. Pelo contrário, tem declarado seu amor pelo cinema.
Michael acaba fazendo com que os fãs se sintam como aquela garota que finalmente consegue um encontro com o rapaz dos seus sonhos. Ela passa a semana ansiosa, se arruma por horas e, na hora “H”, ele liga dizendo:
“Desculpe, querida. Meu time vai jogar hoje à noite. Não poderei ir.”
Mas no nosso caso com Michael, nem isso aconteceu: ele ainda não ligou.[*]
Nós somos a garota sentada ao lado do telefone, com as lágrimas começando a cair, se perguntando:
“Será que está tudo bem com ele? Será que ele ainda se lembra de nós?”
Mas vamos abandoná-lo?
Certa vez, ele mesmo perguntou:
“In our darkest hour, in my deepest despair, will you still care? Will you be there?”
E naquele momento… nós já estávamos apaixonados demais para responder “não”.
[*] Este texto foi adaptado para refletir os valores e diretrizes atuais, com o objetivo de preservar sua relevância e respeito ao público contemporâneo.