Michael Jackson em vídeo privado com seus filhos: Prince e Paris

O Impossível Prestes a Acontecer

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Por Andréa Luisa Bucchile Faggion;
Originalmente publicado na coluna “Amém”, Edcyhis (Maio de 2003);
Republicação adaptada pela MJ Beats.


Meses atrás, poucos diriam que o futuro de Michael Jackson era imprevisível.

Sua decadência já era considerada fato consumado pelos chamados formadores de opinião.

Usando e abusando do poder de criar “verdades” por antecipação, a imprensa havia praticamente enterrado Michael, escrevendo de antemão o desfecho de sua história:

“O garoto pobre, traumatizado na infância, que, graças à sua genialidade, viveu tempos de glória, até ser destruído por fantasmas do passado e pela própria fama.”

Mas a imprensa cometeu um erro fatal: não se enterra um mito enquanto sua imagem continua viva na memória do público.

Ao manter Michael em evidência, ainda que de forma negativa, deram a ele a chance de reparar sua imagem.


Durante anos, Michael Jackson se tornou personagem de tabloides — deixou de ser reconhecido como músico genial.

Ele mesmo percebeu que não bastava lançar um álbum e esperar ser julgado apenas por seu trabalho artístico.

Antes, precisava reconstruir sua imagem pessoal.


Esse desafio, no entanto, não é simples.

Michael sempre teve o respeito dos fãs por nunca se render aos jogos da mídia — não transformou sua vida em “novelinha” para o público de revistas de fofoca.

Ele não é uma celebridade do tipo que vive para expor a intimidade.

Além disso, tudo o que Michael diz ou faz é retirado de contexto e sensacionalizado.

Assim, sempre existe o risco de um tiro sair pela culatra.

Se querem vê-lo como Wacko Jacko, é assim que interpretarão qualquer entrevista.


Foi o que aconteceu com o polêmico documentário de Martin Bashir.

Mesmo com edição tendenciosa e locução sensacionalista, Michael conseguiu sensibilizar parte da audiência e até alguns formadores de opinião.

A exibição posterior de suas próprias gravações da entrevista reforçou a percepção de que ele havia sido vítima da imprensa — algo que seus fãs sempre defenderam.

Primeira vitória conquistada.


O passo seguinte foi cativar ainda mais sua base fiel de fãs.

Enquanto o público em geral se interessa por explicações sobre as mudanças na aparência de Michael, os fãs desejam vislumbres de seu cotidiano — querem humanizar o mito.

Foi para eles que Michael ofereceu seus home videos.

Ver o ídolo em situações de homem comum é, para muitos, uma experiência emocionante.


Claro que ninguém espera que Michael se torne uma unanimidade.

Talvez isso nem seja desejável.

Mas você sabe que é o maior astro da Terra quando seu nome continua na pauta de qualquer entrevista.

Podem perguntar a Madonna o que ela acha de Michael Jackson — mas dificilmente alguém perguntaria a Michael o que ele pensa sobre Madonna (ou qualquer outra celebridade).


Curiosamente, Michael não expôs tanto sua vida pessoal quanto muitos imaginaram.

Continuamos sem uma explicação clara sobre o nascimento de seu filho mais novo.

As relações com Grace (ex-assistente e atual babá) permanecem no campo da especulação.

Sua relação com Lisa Marie Presley não havia terminado oficialmente quando ele engravidou Debbie Rowe pela primeira vez.

Há espaço para a imaginação — e isso alimenta o fascínio.

Até mesmo suas respostas sobre as cirurgias plásticas foram evasivas — e ele tem todo direito de ser evasivo.


Se sua imagem melhorou, não foi por refutar críticas de forma direta.

Foi por simplesmente aparecer diante do público e lembrar por que milhões o amam há tanto tempo.

Como diz sua mãe:

“Há algo nele que faz as pessoas se apaixonarem.”

Esse “algo” é indestrutível e inexplicável.

Quando Michael se coloca diante de nós, sem dissipar o mistério que o cerca, o mito se fortalece.

As piadas perdem força e geram apenas sorrisos amarelos.


É hora do show começar, Michael!


“Um fato extraordinário a merecer reflexão é o de que cada ser humano se constitui num profundo e indecifrável enigma para todos os demais… Dormirá nos cemitérios desta cidade por onde agora passo, alguém mais inescrutável do que é para mim qualquer de seus habitantes vivos e ativos, ou do que sou eu próprio para eles?”
Charles Dickens


[*] Este texto foi adaptado para refletir os valores e diretrizes atuais, com o objetivo de preservar sua relevância e respeito ao público contemporâneo.


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