Poucos são aqueles que demonstram certa disposição em ficar debatendo sobre as acusações de conduta irregular com menores que pairam sobre Michael Jackson; na maioria das vezes, eu mesmo deixo a pessoa falando sozinha e vou preparar um misto quente, alimentar os meus pets ou lixar as unhas: não discuto com quem não quer ouvir.
No entanto, mais recentemente, o YouTuber Felipe Castanhari resolveu lançar um vídeo de quase 03 horas apenas mostrando as evidências dos casos em que Michael Jackson foi acusado: 1993, 2003 e 2013 (e se bobear, alguém abre outro em 2023 só pra seguir a tradição dos 10 anos)…
O vídeo traz detalhes sobre as acusações que escapam aos desatentos — mas que foram trazidos em longos plantões da extinta Edcyhis em 2005 — como a conversa entre pai e padrasto de Jordan Chandler (primeira acusação) e o depoimento em prol de Michael Jackson feito pela família Arvizo (segunda acusação).
Alguns podem achar que se trata de um vídeo de defesa da parte de Castanhari: acredite, não é. As acusações se sustentam como um prego na areia, ou seja, as acusações são xôxas, capengas, mancas, anêmicas, frágeis e inconsistentes (obrigado Renata Vasconcellos pela descrição eterna).
A novidade nas acusações vem com a inclusão do auto-intitulado “rei da decepção”, Wade Robson e seu comparsa James Safechuck no seu filme de ficção “Leaving Neverland”: por um momento, o falso documentário faz seus expectadores crerem que Michael Jackson é o rei da vilania e perversão… Óbvio! Foi montado pra isso: a trilha sonora, a narração dos personagens e imagens. Se for bem produzido, um documentário pode demonstrar que até corrupção é boa para manter a máquina governamental funcionando, ou que assassinato é bom para controle de população — mas não vamos entrar nesses assuntos.
Num contexto geral, o documentário de Castanhari foi muito bem produzido e respeitoso. As quase três horas destrincham as três acusações e derrubam as teorias de conspiração que pairam sobre o Rei do Pop com análises baseadas em pesquisas bem abrangentes — não me lembro de ter visto algo assim na vida. Algumas informações poderiam ser complementadas como a falência de Wade Robson antes de receber a negativa do projeto Immortal do Cirque du Soleil, as dívidas da família Safechuck e a recusa do depoimento de Jordan Chandler no tribunal em 2005, mas no geral, traz fatos reais que apenas sacramentam a inocência do cantor.
A produção de Castanhari vale a pena pelo rico conteúdo e derruba mitos criados pela mídia — que se beneficiava financeiramente da dúvida.
Que fique claro que toda vítima deve sempre denunciar seus abusadores e colocar em pauta os traumas causados, buscando ajuda. Mas esse fantasma que perseguiu Michael Jackson até o fim de sua vida não se trata de abuso, trata-se de extorsão, desde a primeira vez…
por Richard Mendelsohn