Pode ser difícil de acreditar, mas quando se trata de acusações contra Michael Jackson, sua própria voz não é ouvida. Jackson não teve permissão para comentar ou compartilhar seu próprio relato das histórias que cercaram sua vida por tantos anos.
Enquanto isso, aqueles que o acusaram foram abraçados pela mídia e encorajados a se manifestar.
Foi só depois da morte de Michael Jackson que as histórias sobre sua reação e seu estado de espírito vieram à tona. Aqueles que eram próximos a Michael falam de um homem com o coração partido que lutou para se recuperar da provação de ser acusado.
Seus relatos nos dão uma visão da vida de Michael Jackson à sombra de falsas alegações.
As ameaças da família Chandler começaram quando Michael estava prestes a iniciar a segunda etapa da Dangerous World Tour. Michael se apresentou no palco todas as noites, enquanto escondia seu mundo. Aos poucos, desenvolveu dependência de analgésicos devido ao estresse e à pressão das denúncias.
“Aqui abandonado na minha fama… Armagedom no cérebro… Como é quando você está sozinho e com frio por dentro?”, Diz Michael Jackson na letra de Stranger In Moscow que ele escreveu em setembro de 1993, depois seu show na capital russa.
A canção é um dos testemunhos mais reveladores do seu estado emocional na época em que notícias das alegações de Chandler surgiram. Ela foi lançada anos depois, no álbum “HIStory” — descrito como “uma autobiografia musical”.
Em novembro de 1993, vários shows foram cancelados depois que Jackson entrou em colapso de desidratação e exaustão. A mídia sugeriu que ele estava fingindo mas sua amiga Elizabeth Taylor veio em seu socorro e secretamente o levou para um centro de reabilitação . Jackson cancelou o restante da turnê e depois voltou para a Califórnia para combater as acusações contra ele.
Depois de dois júris decidir que não havia motivos para acusar Jackson, ele estava pronto para deixar as acusações para trás e seguir em frente com sua vida.
Apesar da hostilidade da mídia, ele voltou ao estúdio e lançou um álbum de sucesso. Jackson se casou com Lisa Marie Presley e em 1997, tornou-se pai pela primeira vez e se dedicou à família.
Mas em 2003 as coisas pioraram mais uma vez. Depois que “Living with Michael Jackson” de Martin Bashir foi ao ar, o relacionamento de Jackson com as crianças voltou às manchetes. Por meio do seu documentário, Bashir especulou sobre a natureza da amizade de Jackson com Gavin Arvizo. Arvizo era um menino de 13 anos que se recuperou do câncer graças ao apoio de Jackson.
Na época, Gavin e sua família estavam ao lado de Michael contra Bashir e a mídia porém, inesperadamente os Arvizos mudaram sua história. Em 18 de novembro de 2003, as autoridades emitiram um mandado de prisão contra Jackson e setenta policiais invadiram seu rancho Neverland. O ex-empresário de Michael, Dieter Wiesner descreve como tudo aconteceu:
“Michael estava em seu quarto”, lembrou Wiesner. “Perto da lareira quando eu entrei e ele estava muito quieto. Eu tinha que contar a ele e não foi fácil dizer porque Michael estava de muito bom humor. Ele via um futuro. Quando a situação de Bashir surgiu ele ficou muito deprimido mas agora tudo havia mudado e Michael estava pronto para fazer coisas novas. Então, ir para o quarto dele e contar… foi um desastre. Eu disse: ‘Michael, más notícias. A polícia está no rancho.’ Ele ficou totalmente paralisado. Eu estava sentado ao lado dele; com meu braço em seu ombro. Ele olhou para mim e … Você podia ver o sangue saindo de seu rosto. Ele estava profundamente chocado. E eu disse, ‘Michael, agora você tem a chance de finalmente esclarecer tudo. De uma vez e para sempre’’
Michael passou boa parte desses dois dias chorando, disse Dieter Wiesner. “Eu estava lá com ele dia e noite. Ele estava chocado; chorando … ele não sabia o que fazer. Era uma situação muito difícil. Nós deveríamos ir para a Europa. Ele estava pronto para seguir em frente com a sua a vida e tudo estava preparado. Realmente, isso o matou.’’
Dois dias após o ataque a Neverland, a depressão de Jackson se transformou em raiva. Quando ficou claro que o garoto por trás da acusação era ninguém menos que Gavin Arvizo, o garoto cuja mão Jackson segurou no documentário de Martin Bashir.
Ele pegou um avião de volta para a Califórnia e se entregou à polícia e assim começou a luta de Jackson por sua vida.
“A única pergunta que me veio à mente e que também faria sentido nesta situação era ‘Como você está?’ — Ele não respondeu e nem mesmo olhou para mim, mas segurou minha mão esquerda com muita força.’’ disse à fã alemã Sonja Winterholler no livro “A Life for L.O.V.E.” sobre sua experiência de conhecer Michael Jackson em 2004, quando ela visitou Neverland para apoiar Michael durante quando enfrentava acusações.
“Ele então me beijou mas mesmo assim não disse uma palavra. Então, a próxima coisa que perguntei a ele foi ‘Você está bem?’”
“Michael disse. ‘Não!’ E continuou enquanto apertava minha mão: ‘Eu apenas finjo que estou bem, mas não estou — não estou.’ No mesmo segundo, ele me abraçou com força e percebi que ele estava chorando. Comecei a entender por que ele não tinha dito nada antes. Ele tentou não perder o equilíbrio e não chorar, mas minhas perguntas não ajudaram …
Ficamos ali por um bom tempo, apenas nos abraçando. Michael soluçou algumas vezes e senti que ele estava tremendo. Levei pelo menos meio minuto para realmente entender que, neste momento, Michael estava me contando seus verdadeiros sentimentos. Até este momento eu pensei que ele realmente seria forte e positivo sobre o julgamento que se aproximava, como ele havia mostrado ao público na primeira acusação alguns dias antes.’’
Jermaine Jackson, o irmão mais velho de Michael, escreve em seu livro sobre os dias do julgamento do ponto de vista da família Jackson.
‘‘Certa manhã, Michael chegou tarde ao tribunal, vestindo calças de pijama e uma jaqueta. A mídia criticou Jackson por ‘‘sua aparência’’, mas ele tinha seus motivos.
No início daquela manhã, Jackson caiu no banheiro e foi levado às pressas para o hospital. Era 10 de março de 2005, um dia depois de Gavin Arvizo, seu acusador, depor. Jermaine relembrou: “o telefone celular toca. É mamãe, parecendo alarmada. ‘Michael está no hospital… Estamos aqui com ele… Ele escorregou e caiu. São suas costas.’ “Estou a caminho”. No corredor do hospital vejo um número incomum de enfermeiras e pacientes mas o barulho diminui quando me aproximo da porta do quarto, lá dentro, as cortinas estão fechadas. Na meia-luz, Michael está de pé, vestindo calça de pijama e uma jaqueta preta. “Oi, Erms”, ele diz, quase sussurrando. ‘Você está bem?’ Eu pergunto. ‘Eu acabei de machucar minhas costas.’ Ele força um sorriso. A queda no rancho, ao sair do banho deixou-o com dores terríveis e parece ser o último soco de um momento em que a vida continua martelando.
Mas ele é um molestador de crianças, certo? Ele merece isso, certo? A polícia deve ter algumas provas concretas, ou ele não estaria em julgamento, certo? As pessoas têm muito a aprender sobre o quão errado foi esse julgamento’’, disse Jermaine.
Jermaine contou sobre aquele dia no hospital. Seu irmão ali, estremecendo com a dor nas costas mas a dor mental era muito maior. Ele enfrentou uma desintegração física. Seu corpo esguio de dançarino havia desaparecido, seu andar tornou-se doloroso, seu sorriso era forçado, ele parecia magro, abatido.
“Ele não fez nada além de criar música para entreter e espalhar a mensagem de esperança, amor e humanidade, e consciência de como devemos ser uns com os outros, especialmente com crianças, mas ele é acusado de prejudicar uma criança.”
“Michael era firme, controlado e decidido, falando sobre sua fé, como ele confia em Deus. Mas seu comportamento controlado agora estava desfeito, sem dúvida desencadeado pelo testemunho de ontem e agravado pela frustração desta lesão nas costas. ‘Tudo o que dizem sobre mim não é verdade. Por que estão dizendo essas coisas?’ ‘Meu bebê . . .’ diz nossa mãe. Ele continua a falar: “Eles estão dizendo todas essas coisas horríveis sobre mim. Eu não sou isso. Estou não estou clareando minha pele. Não estou machucando crianças. Eu nunca faria … Não é verdade, é tudo falso’’, dizia ele, com a voz baixa, trêmula.
‘Michael . . . Eles podem fazer o mundo pensar que eles estão tão certos, mas eles estão todos errados. . . eles estão errados, falou nossa mãe – suas mãos está em seu rosto. Michael puxa os botões de sua jaqueta e começa a lutar para tirar as mangas – ele revela seu peito nu.
Chorando ele diz. ‘Olhe para mim! . . . Olhe para mim! Eu sou a pessoa mais incompreendida do mundo!’ Ele desmorona.
Foi a primeira vez que vi a verdadeira extensão de sua condição de pele, e isso me chocou. Sua autoconsciência é tal que ele manteve seu corpo escondido até mesmo de sua família, até agora. ‘Deus sabe a verdade. Deus sabe a verdade’, ele ficava repetindo. Todos nós o cercamos, incapazes de abraçá-lo devido às suas costas, mas mesmo assim foi um conforto. Eu ajudo a colocar sua jaqueta de volta. “Seja forte, Michael”, eu disse. ‘Tudo vai ficar bem.’ Não demorou muito para se recompor e pedir desculpas. ‘Eu sou forte. Estou bem’, ele disse. […]
Depois que eu saio, os guarda-costas transmitem uma mensagem enviada por seu advogado, Tom Mesereau, no tribunal. O juiz não está feliz com o atraso de Michael e, se ele não for ao tribunal dentro de uma hora, sua fiança será revogada. Mesmo com dor ele foi para o tribunal.’’
Conforme o julgamento progredia, a saúde de Jackson se deteriorou visivelmente. A mídia, é claro, não perdeu nenhuma chance de ridicularizá-lo por sua aparência fraca e frágil.
Em 13 de junho de 2005, Michael Jackson foi inocentado em todas as acusações. Após o veredicto, ele teria passado dias no hospital. Jackson provou sua inocência e ganhou o caso, mas o estrago estava feito.
Desta vez, Jackson não conseguiu se recuperar e deixar tudo para trás. Ele não tinha uma casa para onde voltar: “Não vou morar lá nunca mais. Neverland não é a minha casa.”, disse ele em dezembro de 2003. Michael deixou Neverland e nunca mais voltou.
Nos anos após o julgamento, ele se mudou de um país para outro com seus três filhos, longe dos holofotes.
Bill Whitfield, que era guarda-costas de Jackson em 2007, lembrou:
‘‘Ele não confiava nos estranhos. Sempre que ele era pego em uma multidão, ele ficava verdadeiramente frenético e nervoso. Estávamos em um shopping center na Virginia uma tarde. Javon tinha ido para pegar o carro. Eu estava esperando com o Sr. Jackson pela saída com o segurança do shopping.
Alguém o havia reconhecido e uma pequena multidão havia se formado. Ele estava assinando alguns autógrafos, acenando para as pessoas. Era uma situação amigável.
Enquanto Javon parou e abriu a porta para o Sr. Jackson, uma cara na multidão gritou:
“F***** molestador de criança!”
Eu ouvi claro como o dia. Olhei para Javon; ele tinha ouvido isso também. Nós oramos para que o Sr. Jackson não tivesse ouvido. Mas depois que entramos no carro e nos afastamos um pouco, ele se inclinou para a frente e disse:
“Gente, vocês ouviram alguém dizer algo lá atrás?”
“Não, senhor”, eu disse. “Eu não ouvi nada. Você ouviu algo, Javon?”
Javon balançou a cabeça. “Não, senhor.”
Jackson disse: “Eu pensei que eu ouvi alguém dizer algo muito mau. Eu poderia jurar. Vocês não estão mentindo para mim, estão?”
“Não, senhor.”
Nós não queríamos mentir para ele mas sabíamos o que aconteceria se nós confirmássemos. Ouvir alguém o chamar de molestador de criança? Isso o derrubaria completamente. Ele fecharia a porta e desapareceria em seu quarto por pelo menos uma semana e nós não queríamos que isso acontecesse.
Nós dirigimos com ninguém dizendo nada pelos próximos dez, quinze minutos e em seguida, do banco de trás ele disse:
“Eu nunca machucaria uma criança. Eu cortaria meus pulsos antes que eu machucasse uma criança.”
Em julho de 2009, a atriz americana Anjelica Huston falou sobre a última vez que viu Michael, apenas algumas semanas antes de ele falecer:
“Depois de Captain EO eu o encontrei apenas em raras ocasiões. Mas, por acaso encontrei ele no consultório do nosso dermatologista, Arnie Klein. Nós nos abraçamos e conversamos por algumas horas. Conversamos sobre como ele se sentia humilhado por ter sido acusado de abuso sexual e sobre seu arrependimento por ter perdido Neverland, onde viveu tantos anos. Lembro-me de suas palavras: ‘Eles arruinaram o meu sonho. Eu tive esse sonho, talvez infantil e bobo, mas Neverland era um lugar projetado para celebrar a inocência da infância que eu nunca tive e eles tiraram isso de mim. Eu adoro crianças, eu nunca poderia fazer mal a elas. Eu passei a vida toda amando-os e tentando fazer coisas boas por eles. A alegação de ter machucado uma criança parte meu coração. É uma dor insuportável. Essas são acusações injustas e terríveis …”. Enquanto falava eu comecei a chorar. Eu o segurei em meus braços, disse Huston.
“O coração de Michael estava partido. É por isso que ele morreu. Essa é a verdade. Eles partiram seu coração”.
Huston escreveu sobre este momento em sua autobiografia, descrevendo Michael como uma “vítima de um coração partido”.
No dia 25 de junho, no auge dos preparativos para voltar aos palcos, Michael Jackson faleceu aos 50 anos.
por MJ Story: The Michael Jackson Story
… Eu sei a dor e sofrimento que ele passou… jogará- no na lama…. Ele nunca mereceu passar por situações tão terríveis… parecia bem em This os It, Não se sabe como estava seu coração, acho que nunca se recuperou do trauma, que levou-o a morte! É de chorar, lendo isso tudo, agora que passou… mas ele foi embora… consequência desta trajedia, em sua vida!
Ele faz tanta, tanta falta!
Que pena! Incompreendido demais!