Michael Jackson e o sucesso ‘Billie Jean’

“Eu sabia que seria um sucesso quando eu a estava compondo”, disse Michael Jackson sobre “Billie Jean”.

Ele estava tão consumido pela canção, Michael lembrou, que não viu sua Mercedes pegar fogo na estrada certo dia, enquanto ele ia para o estúdio de gravação, e foi alertado apenas quando um jovem motociclista acenou para ele. Quincy Jones, no entanto, não entendeu “Billie Jean” e queria mantê-la fora do álbum. Quando um Michael surpreso insistiu que ela permanecesse, Jones sugeriu a mudança do título para “Not My Lover”, porque temia que os ouvintes achassem que Michael se referia à tenista Billie Jean King. Jones, em seguida, exigiu que Michael cortasse a longa introdução percussiva da música.

Essa era a parte que o fazia querer dançar, Michael disse; a introdução ficou. A disputa entre os dois se complicou por alguns dias, mas pode, no final, ter sido positiva para “Billie Jean”.

Jones instruiu o engenheiro Bruce Swedien de que, se Michael insistia em abrir a música com trinta segundos de levada de bateria, então teria de ser a levada de bateria mais memorável que já se ouvira — uma “personalidade sonora”, segundo a descrição de Jones. Swedien, que geralmente mixava uma canção apenas uma vez, mixou “Billie Jean” 91 vezes a fim de criar a plataforma percussiva a partir da qual a música surge, acrescentando uma cobertura para o bumbo que aparece depois dos quatro primeiros compassos de bumbo, caixa e chimbal, além de batidas em um pedaço de madeira cujo som foi inserido entremeando o ritmo.

O fato de Swedien haver removido a reverberação da abertura com a bateria deu a “Billie Jean” uma qualidade rígida, emocionalmente nua, que crescia aos poucos em uma espécie de histeria eufórica à medida que as notas eram dobradas por um baixo sintetizado distorcido e se tornavam um staccato, sustentadas por uma profunda pulsação com eco. A voz de Michael entrava suavemente, acompanhada por um estalar de dedos enquanto aumentava continuamente em volume e intensidade.

No momento em que os violinos e a guitarra entram, uma série aparentemente aleatória de gritos em intensidade variada e risadas espectrais (overdubs feitos por Michael cantando através de um tubo de papelão) começam a soar nos espaços entre as notas, como uma espécie de insanidade viral tentando forçar sua entrada na mente do ouvinte.

Michael acompanhou esses sons misteriosos e voláteis com uma série do que pareciam soluços musicais, como se ele estivesse tentando expelir algum espírito maligno, enquanto a linha de baixo propulsora continuava avançando em direção a algum acerto de contas inexorável, e todos os que ouviam a música sabiam que ela não teria um final feliz. Michael nunca mais faria uma canção que fosse, ao mesmo tempo, tão implacável ou tão reveladora.

As pessoas gemiam e gritavam quando “Billie Jean” começava a ser tocada nos clubes de Los Angeles, como se a canção os tivesse infectado com uma mistura compulsiva de loucura e alegria, enchendo as pistas de dança e exigindo que a tocassem novamente.

“Billie Jean” chegou ao primeiro lugar nas paradas pop quase do dia para a noite e ficou lá por semanas. A obra prima de Michael Jackson continua uma das mais populares músicas de dança no mundo, além de ser uma das mais aclamadas criticamente.

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