Depoimento de fã: Michael Jackson no Brasil, 1996

Não consegui falar nada, mas ele agradeceu por eu estar ali, me deu uma bala e, apertando minha mão, pronunciou sua mais famosa frase: “I Love You”.

‘‘Três anos depois, no mesmo colégio, minha professora de inglês (que foi minha primeira amiga fã de MJ) me deu a notícia que mudaria minha vida para sempre: “Michael vem gravar um clipe aqui!”. Meu coração disparou, meu ar acabou e a gente já começou a fazer planos de como chegar perto dele.


Uma semana depois foi decidido o lugar onde ele gravaria, o Morro Dona Marta, na Zona Sul da (minha) cidade. Alguns políticos tentaram impedir, alegando que isso ia denegrir a imagem da cidade. “Por que ele não grava em Copacabana?” gritou um deles! O que eles não entendiam é que MJ queria mostrar sim a pobreza desta comunidade, mas não para denegrir, e sim para escancarar este problema que precisava ser resolvido!*

*De fato ele ajudou muito. Após sua passagem pela comunidade, o governo do Rio de Janeiro criou um programa de pacificação nas favelas cariocas. O Dona Marta foi o primeiro a ter este programa implantado. Hoje em dia o morro é totalmente pacificado e até ponto de turismo. Em 2010, inclusive, participei da inauguração de uma estátua em tamanho real, de Michael, que foi instalada na laje onde ele gravou o clipe, no alto do morro.

Chegou o dia! Na madrugada do dia 11 de fevereiro daquele ano (1996), Michael desembarcou no Rio de Janeiro, após um dia inteiro de filmagens no Pelourinho, em Salvador.

Cheguei à porta do hotel por volta das 5 da manhã e lá já estavam vários fãs!


Por volta das 9h, Michael surge pela primeira vez na sacada (ele apareceu 5 vezes no total, uma hora em cada janela, brincando com os fãs). Dançou, acenou, gritou, brincou com o casal de crianças que o acompanhava, tudo na nossa frente, de frente à Praia de Copacabana (onde moro atualmente).


Aproximadamente 3 horas mais tarde, começou uma aglomeração de seguranças na porta do hotel, anunciando a saída do rei do pop.

Minha mãe, que é a grande responsável por este meu amor pelo Michael e que gritou mais do que eu, nesta ocasião, se informou e descobriu que no hotel não tinha heliporto e nem tão poucos um esquema de acompanhamento da polícia (como em todas as vezes que MJ fez algum percurso pela cidade) a espera de Michael, no hotel. Ou seja, ele teria que pegar o helicóptero em algum lugar. E o lugar mais próximo onde isso seria possível era o Forte de Copacabana, em frente ao hotel.

Corremos para a porta do Forte, contrariando a multidão de fãs que permaneceram na porta do hotel. Mas convenhamos, Michael não poderia sair pela porta da frente, ele seria esmagado!

Parece que a sorte estava do nosso lado, menos de cinco minutos depois, aparece no final da rua (fechada pela polícia), uma van verde com o vidro traseiro aberto. De longe, dava pra ver uma mão pra fora e pessoas correndo ao lado do carro. Sim, era a mão de MJ. Acenando para todos os que passeavam por Copacabana, naquele linda manhã de verão.

Conforme ia se aproximando, Michael colocou metade do corpo pra fora da van e começou a apertar a mão das pessoas. Um fato que me marcou muito e que contradiz toda essa imagem de recluso e fresco que as pessoas gostam de dizer que ele tinha, foi o fato dele apertar a mão de um lixeiro que estava varrendo a rua. Imaginem só, em uma mão o lixeiro carregava sua vassoura e a outra apertava a mão de maior fenômeno da indústria fonográfica mundial.
Quando finalmente Michael chegou à porta do Forte, eu estava tentando me aproximar do carro quando os seguranças fizeram aquela famosa barreira para não deixar os fãs se aproximarem.

Mais uma vez eu contei com um empurrãozinho de Deus, pois eu estava usando uma camiseta com uma foto do Michael e, acreditem, MJ tinha jogado uma camiseta igual, para os fãs, da sacada do hotel. Quando ele me viu, tentando se aproximar dele e usando a camiseta (que certamente ele achou ser a que ele jogou na madrugada), fez sinal para os seguranças deixarem eu passar e assim eu o fiz. O carro parou por uns segundinhos, Michael esticou a mão para mim e sem ação, eu estiquei as minhas para ele. Não consegui falar nada, mas ele agradeceu por eu estar ali, me deu uma bala e, apertando minha mão, pronunciou sua mais famosa frase: “I Love You”.

Quando o carro se foi, seu cheiro ficou todo em minha mão e desde então eu uso o mesmo perfume que ele usava naquele dia.’’

por Leandro Lapagesse, produtor musical em entrevista para o MJVIPClub

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *