Em outubro de 1996, Kuala Lumpur, na Malásia, recebeu o espetáculo colossal de Michael Jackson, o Rei do Pop. A HIStory World Tour, conhecida por sua grandiosidade  trouxe dois shows memoráveis para um público de 40.000 fãs no Estádio Merdeka. Mas por trás das luzes e da música, uma tensão silenciosa pairava sobre a apresentação, uma restrição inusitada que marcaria a passagem de Jackson pela cidade.

As autoridades locais, preocupadas com a moralidade pública, impuseram uma regra severa: Michael Jackson e seus dançarinos estavam proibidos de realizar um dos movimentos mais icônicos do artista — o toque na virilha. Essa coreografia foi considerada indecente e, sob pena de prisão, deveria ser evitada a todo custo durante o show.

Entre os bastidores e a tensão pré-show, o dançarino e coreógrafo LaVelle Smith Jr. compartilha a história com uma dose de humor. Ele lembra com clareza o anúncio feito antes de subirem ao palco: “Nenhum agarramento das nossas virilhas esta noite”, um aviso claro de que a prisão por indecência era uma ameaça real. A pressão sobre os artistas era palpável, e todos estavam cientes do desafio de conter um gesto que, para Jackson, era quase uma segunda natureza.

A resposta de Michael, fiel ao seu espírito irreverente, foi tão direta quanto desafiadora. “Eu vou fazer o meu melhor, mas não posso prometer nada”, disse ele, reconhecendo que o movimento era mais do que um simples passo de dança; era uma extensão de sua identidade artística. Durante o show, LaVelle conta que sua concentração estava dividida entre a coreografia e o esforço consciente de evitar o gesto proibido, mas inevitavelmente, algumas vezes, suas mãos o traíam.

No final, o show foi um sucesso, e tanto Michael quanto seus dançarinos conseguiram evitar o encarceramento. A história, que poderia ter terminado em controvérsia, se tornou uma anedota hilária nos bastidores da tour, lembrando a todos da linha tênue entre a arte e as normas culturais.

Para Michael Jackson, aquele episódio em Kuala Lumpur foi mais uma prova de que, mesmo diante das imposições mais rígidas, sua expressão artística não poderia ser completamente contida.

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