No auge de sua carreira, Michael Jackson foi envolvido em uma teia de acusações que muitos consideram hoje uma trama de mentiras arquitetada para derrubá-lo.
O que estava em jogo não era quem Michael realmente foi, mas sim como criar uma narrativa vendável para o público sedento por escândalos. Uma história que valia milhões. Inventar mentiras e vendê-las como verdades absolutas tornou-se o combustível dessa máquina perversa.
Entre as figuras envolvidas nesse drama, o nome de Robert Newt emerge como um exemplo das táticas sórdidas usadas pela mídia para difamar Jackson. Newt, então com 30 anos, era uma peça-chave nas mãos do tabloide britânico The National Enquirer. Ele, junto com seu irmão gêmeo Ronald, havia passado duas semanas na casa dos Jackson em Encino, Califórnia, quando ainda eram crianças. O tabloide ofereceu uma soma vultuosa para que seu pai, Ronald Newt Sr., inventasse uma história suja contra Michael.
A oferta? 200 mil dólares para manchar a reputação de Michael.
Essa tentativa desesperada de manipular a narrativa não foi isolada. Em dezembro de 1993, no auge das acusações do Caso Chandler, o National Enquirer estava disposto a tudo para encontrar “provas” contra Michael Jackson. A busca por qualquer testemunha que pudesse corroborar as alegações se intensificou, e os irmãos Newt, que haviam tido uma convivência inocente com a família Jackson, foram alvos da imprensa sensacionalista.
O pai dos garotos, embora tentado pela oferta milionária, recusou no último minuto, afirmando categoricamente que “nada aconteceu entre Jackson e meus filhos”. A farsa foi desmascarada, mas o estrago na imagem pública de Michael já estava em andamento.
O julgamento de Michael Jackson em Santa Maria, anos depois, revelou o verdadeiro rosto da mídia. Antes mesmo de qualquer evidência ser apresentada, a imprensa mundial já havia escolhido seu veredito: Jackson era culpado. A condenação pública foi implacável, e os tabloides se deleitavam em cada detalhe que pudesse desumanizar o astro.
O que importava não era a verdade, mas as manchetes que vendiam jornais e aumentavam a audiência. Até as testemunhas que exaltavam as boas ações de Michael eram ignoradas, pois o foco era sempre a promotoria e suas acusações.
Enquanto o julgamento prosseguia, o comportamento de Michael diante das alegações era enigmático. Ele não parecia abalado com as acusações sinistras, e sua aura magnética contrastava com a atmosfera pesada do tribunal. Para seus fãs, que acampavam nos arredores de Neverland, Jackson era uma vítima da mesma máquina midiática que perseguira a Princesa Diana. A diferença era que, no caso de Michael, a mídia queria mantê-lo vivo, como um experimento constante de escândalos que nunca cessariam.
O advogado de defesa de Michael, Thomas Mesereau, tornou-se o herói silencioso desse drama. Longe dos holofotes, ele não buscava fama, mas sim justiça. Sua estratégia eficaz desconstruiu a narrativa acusatória, revelando as falhas grotescas do promotor Tom Sneddon, que aos olhos do público se tornara o “Imperador Que Não Tinha Roupas”.
A absolvição de Jackson foi um golpe devastador para a mídia, que já havia preparado uma fábrica de reportagens para acompanhar a vida de Michael na prisão.
Mesmo após a vitória no tribunal, os tabloides não desistiram. Inventaram histórias absurdas, como a suposta festa de Michael no Bellagio, ou rumores de que ele se escondia no Oriente Médio. Cada mentira era uma tentativa desesperada de prolongar o ciclo de humilhação pública que havia sido construído ao redor do astro.
A verdade não importava, pois o que estava em jogo eram as vendas de jornais e a audiência em torno da vida de uma das figuras mais icônicas e mal compreendidas da história da música.
No final, o julgamento de Michael Jackson revelou mais sobre a natureza corrupta da mídia do que sobre o próprio artista. A absolvição, que deveria ter sido o ponto final de um capítulo sombrio, foi tratada como uma nota de rodapé pelas mesmas publicações que lucraram bilhões com a difamação de sua imagem.
Para os fãs e para aqueles que conheciam a verdade, Michael Jackson era mais do que um alvo de mentiras – ele era uma alma pura presa no jarro da crueldade midiática, cujas asas foram constantemente arrancadas, mas que, de alguma forma, continuou a voar.