A notícia da morte de Sérgio Mendes, aos 83 anos, nesta sexta-feira (6), encerra um capítulo da música brasileira e mundial. O pianista e compositor foi um dos grandes embaixadores da Bossa Nova, levando a suavidade do ritmo brasileiro aos ouvidos de milhões ao redor do globo. Mas sua carreira foi muito além das notas e melodias; foi marcada por encontros mágicos, como o que teve com Michael Jackson, que se apaixonou pela música brasileira, especialmente pela icônica ‘‘Águas de Março’’ de Tom Jobim.
Durante as gravações do lendário álbum Thriller, Sérgio Mendes foi apresentado a Michael Jackson por ninguém menos que Quincy Jones, o produtor por trás de muitos dos maiores sucessos do Rei do Pop. Mendes, um dos pilares da música brasileira, encontrou em Michael um admirador inesperado e profundamente conectado à sonoridade única da Bossa Nova. Jackson, sempre curioso e apaixonado pela arte, revelou ao pianista sua fascinação por ‘‘Águas de Março’’, uma canção que capturava a essência de um Brasil poético e musicalmente rico.
Em 1984, Mendes visitou Michael em sua casa em Encino, na Califórnia. Ali, entre conversas e risos tímidos, o pianista testemunhou o lado mais íntimo do ícone pop.
‘‘Ele era uma pessoa muito tímida, mas quando falava sobre música, seus olhos brilhavam’’, recordou Mendes. Michael, que vivia em um mundo de fama e pressão, encontrava na música brasileira uma espécie de refúgio. ‘‘Águas de Março’’ era mais do que uma melodia para ele; era uma porta para uma cultura que ele admirava profundamente.
Em 2014, durante uma entrevista no hotel Borobudur, em Jakarta, Indonésia, Mendes falou aos jornalistas sobre sua admiração por Michael Jackson e o impacto que ele teve em sua vida musical. ‘‘Ele é um gênio, uma força da natureza’’, disse Mendes. A amizade entre os dois transcendia a distância cultural, unindo-os no amor pela música. A declaração de Jackson sobre ‘‘Águas de Março’’ ecoava ainda na mente de Mendes: ‘‘Ele dizia que era uma música muito bonita, e eu via nele uma alma que entendia a profundidade da arte’’.
Quando perguntado se algum dia faria um tributo a Michael Jackson, Mendes sorriu e respondeu: ‘‘Não por enquanto, mas essa não seria uma má ideia’’. Embora a vida tenha lhe tirado a chance de concretizar essa homenagem, a música de Sérgio Mendes e a admiração mútua entre ele e Michael Jackson permanecem como um legado imortal, uma ponte entre a Bossa Nova e o Rei do Pop, ambos eternamente unidos pelo som das ‘‘Águas de Março’’.