A Billboard já foi um verdadeiro farol no mundo da música, uma revista de respeito que trazia ao público e aos críticos um olhar minucioso sobre as canções e os artistas mais tocados nos Estados Unidos. Décadas atrás, era quase uma entidade imparcial, ditando tendências e influenciando o gosto popular com análises de alto nível e um compromisso com a verdade.

Naquela época, estar no topo da Billboard era mais do que apenas um marco – era uma prova da relevância e do talento do artista. A Billboard era, sem dúvida, um sinônimo de prestígio.

Hoje, no entanto, a publicação desmoronou para algo que pouco lembra sua forma original. Transformou-se em um tablóide moderno, sensacionalista, cuja missão parece ter se desviado para um propósito: alimentar polêmicas e perpetuar narrativas distorcidas, muitas vezes em torno de artistas que marcaram a história de forma inquestionável, como o Rei do Pop, Michael Jackson. Em vez de promover a música, suas manchetes agora promovem o ceticismo e o julgamento arbitrário, especialmente em relação a Jackson, um artista cujos recordes e impacto são simplesmente inegáveis.

Em uma visão míope, a Billboard se apega mais às posições temporárias na Hot 100 do que à trajetória duradoura de uma música. Nesse cenário, o impacto a longo prazo se perde, reduzido a uma posição de tabela, e não a uma verdadeira medição de relevância.

O exemplo mais gritante disso é o clássico “Thriller”, um ícone universal que acumula mais de 646 milhões de reproduções no Spotify e mais de 1 bilhão no YouTube, com aumentos de visualização que disparam a cada temporada de Halloween.

E o que a Billboard faz? Coloca músicas como “Monster Mash” e “Ghostbusters” acima de “Thriller” em suas listas de Halloween, ignorando completamente a relevância atemporal e o apelo global de Jackson.

Se observarmos os números, a discrepância é inegável. “Monster Mash”, que lidera a lista da Billboard, tem apenas 120 milhões de reproduções totais no Spotify – uma fração das de “Thriller” –, enquanto “Ghostbusters” nem sequer se aproxima. É uma injustiça gritante, uma distorção da realidade do sucesso musical que deixa qualquer observador cético.

Enquanto a Billboard exalta canções que perderam relevância, a longevidade de “Thriller” só aumenta, consolidando seu legado em todas as plataformas de streaming.

Curiosamente, essa obsessão por charts e posições antigas não se limita apenas a músicas individuais. A Billboard tem o hábito de enaltecer seus próprios rankings de singles como se fossem a verdadeira métrica de sucesso, ignorando até mesmo as vendas reais ou o impacto cultural que esses álbuns possuem. Ao desconsiderar a relevância dos álbuns, sua estrutura falha em reconhecer as obras como um todo – uma medida que beneficiaria a compreensão do que realmente perdura e ressoa no imaginário coletivo.

A Billboard parece cega para o que os números atuais revelam, mantendo-se firmemente agarrada a um método antiquado e arbitrário. Para qualquer pessoa familiarizada com o cenário musical, a escolha deles soa como uma ironia trágica. A obsessão por manter o controle das narrativas de sucesso e falha, sem uma análise justa, tem levado a revista a um descompasso com o público, que, há muito, já vê esses rankings com desconfiança.

A verdade é que a relevância de um artista como Michael Jackson transcende qualquer lista, seja ela da Billboard ou de qualquer outra publicação. Suas conquistas não podem ser apagadas por uma série de posicionamentos manipulados. E o público sabe disso: o apelo por justiça para os injustiçados, como Jackson, ressoa em comunidades inteiras de fãs e em plataformas de mídia social, onde os números falam mais alto que o viés.

Hoje, é fácil afirmar que o impacto de Michael Jackson jamais será medido com precisão por uma publicação que, ironicamente, ele ajudou a elevar com seus recordes. E no fim, o esforço da Billboard para diminuir a sua grandiosidade é fútil. Os que realmente entendem o valor da música, a importância da cultura, e o que significa marcar gerações, sabem que o reinado de Michael Jackson jamais se apagará.

4 Comments

  1. Parabéns para esa pessoa que fez essa reportagem pois estávamos precisando por que ele sim fez história e ainda está aí no topo mas que merecido.

  2. Amei a matéria! Foram contundentes sobre o que a Billboard se tornou. Michael é antológico ♥️

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *