Por décadas, a mídia construiu e perpetuou a ideia de que Michael Jackson, o Rei do Pop, era um grande admirador de Elvis Presley, o Rei do Rock. Contudo, a verdade é bem diferente.

Michael Jackson, apesar de respeitar Elvis por sua presença de palco e impacto cultural, nunca o teve como inspiração ou ídolo. A relação de Jackson com a música ia muito além de homenagens superficiais; ele estava focado em sua própria revolução cultural, marcada por uma profunda consciência racial e um desejo de romper barreiras que iam muito além da mera idolatria.

Michael Jackson sempre foi claro sobre suas influências musicais, que vieram de artistas negros, como James Brown e Jackie Wilson, cuja energia e inovação moldaram seu estilo desde cedo. Elvis, para Michael, era apenas mais um showman — talentoso, sim, mas distante da essência musical que realmente tocava sua alma.

Jackson reconheceu a importância histórica de Presley em seu papel como ícone de entretenimento, mas sua admiração nunca se traduziu em devoção.

De fato, o verdadeiro Rei do Rock, para Michael Jackson, sempre foi Chuck Berry.

Para Michael, a mídia branca sempre distorceu a realidade, promovendo artistas brancos em detrimento de gigantes negros, como Berry, que revolucionaram a música muito antes de Elvis. Chuck Berry não apenas moldou o rock com sua guitarra inconfundível e letras provocantes, mas também abriu caminho para gerações de músicos, incluindo o próprio Jackson.

No entanto, a cor da pele de Berry impediu que ele fosse reconhecido no nível que merecia. A desigualdade racial na mídia foi algo que Michael Jackson sempre combateu, tanto em sua arte quanto em sua postura pública.

O mito de que Michael Jackson teria adotado o título de “Rei do Pop” em uma tentativa de rivalizar com Elvis também é uma distorção fabricada. O título “Rei do Pop, Rock e Soul” foi, na verdade, concedido a ele por Elizabeth Taylor, amiga íntima e grande admiradora do seu trabalho. Em uma cerimônia de premiação, Taylor reconheceu a grandiosidade de Michael, e foi ela quem popularizou a frase que até hoje define seu legado.

A ideia de que Jackson desejava competir com Presley, especialmente após seu casamento com Lisa Marie Presley, filha de Elvis, é uma simplificação que ignora a complexidade de quem Michael realmente era.

Mesmo o casamento entre Michael e Lisa Marie foi muito mais um reflexo das pressões midiáticas e das tentativas de Jackson de encontrar uma base emocional em meio a tanta fama, do que uma aliança com o legado de Elvis.

A mídia adorava tecer narrativas em torno de Michael que o posicionavam sempre em competição com figuras brancas icônicas, enquanto ignorava suas raízes e suas verdadeiras lutas. Jackson nunca tentou se apropriar da história de Elvis; sua missão era, antes, criar seu próprio caminho — e nisso, ele teve um sucesso imensurável.

As estatísticas falam por si. Mesmo após sua morte, Michael Jackson continua sendo o artista masculino mais vendido de todos os tempos, superando Elvis Presley em vendas globais e estabelecendo recordes que permanecem inquebráveis. Seu álbum “Thriller” não é apenas o mais vendido da história, mas é uma declaração de resistência contra as barreiras raciais que a indústria tentava impor. Com sua arte, ele quebrou recordes, desafiou normas e se consolidou como uma força imbatível no mundo da música e além.

Michael Jackson nunca precisou rivalizar com Elvis Presley para assegurar seu lugar na história. Ele redefiniu o que significa ser uma lenda, transcendendo as limitações que a sociedade impôs e provando, com sua música, que o verdadeiro legado é aquele que nasce da alma.

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