Desvendar a discografia de Michael Jackson é como navegar em um oceano profundo de inovação e arte, onde cada álbum representa uma fase da sua evolução e, em muitos casos, uma resposta ao mundo ao seu redor. Mas “Invincible,” lançado em 30 de outubro de 2001, é um capítulo à parte, uma obra complexa e incompreendida.

Em um momento marcado pela dor global após os atentados de 11 de setembro, Michael encontrou a força para lançar seu último álbum de estúdio em vida, apoiado em uma grandiosa celebração de seus 30 anos de carreira no Madison Square Garden.

No entanto, o que deveria ser um renascimento de sua presença nas paradas e nas rádios foi cercado de obstáculos, conflitos e decisões que afetaram profundamente a sua promoção.

A saga promocional de “Invincible” foi turbulenta desde o início. Embora Michael quisesse que “Unbreakable” fosse o primeiro single do álbum, o vazamento de “You Rock My World” para as rádios modificou toda a estratégia. Isso não apenas refletiu o problema de segurança no lançamento das faixas, mas também os conflitos internos com a Sony Music e seu então presidente Tommy Mottola. A gravadora insistiu em outro rumo, e Jackson, frustrado, abandonou a divulgação ainda no segundo single, “Cry”.

Apesar de todos os desafios e a recepção morna de “You Rock My World,” o álbum ainda conseguiu captar o coração dos fãs.

A faixa de abertura, “Unbreakable,” transmitia um recado direto: mesmo após ter enfrentado batalhas intensas, ele ainda era o inabalável Rei do Pop. O álbum trouxe um Michael resiliente e inovador, que, apesar de desgastado pelas dificuldades, produziu um trabalho repleto de energia e essência. Era, afinal, uma mensagem para quem duvidava de sua capacidade artística e uma resposta aos que tentavam silenciá-lo.

Entre os maiores destaques de Invincible, as baladas se sobressaem. Faixas como “Butterflies,” “Speechless” e “The Lost Children” expõem uma vulnerabilidade cativante e nos lembram o quão incrível Michael Jackson era ao tocar o público com vocais delicados e emocionantes. Sua capacidade de se expressar com tal sinceridade transformava cada canção em uma experiência que ressoava profundamente com o ouvinte.

Mesmo com faixas pouco convencionais como “2000 Watts,” onde sua voz surge robotizada e com um tom mais grave, Michael desafia as expectativas. E em “Privacy,” ele deixa transparecer sua frustração com o assédio incansável da mídia e dos paparazzi. Cada faixa possui uma atmosfera distinta, mas, como um todo, o álbum é coeso e se sustenta como um verdadeiro manifesto artístico.

“Invincible” não recebeu o reconhecimento que merecia na época de seu lançamento, mas é uma joia para aqueles que apreciam o lado mais íntimo e experimental de Michael Jackson.

Este álbum encapsula a luta de um gênio contra as adversidades e a obstinação de um artista que, mesmo com o mundo contra ele, permaneceu fiel ao que acreditava ser a essência da sua arte.

3 Comments

  1. Lembro da primeira vez que coloquei o CD no meu AIWA 3 cds modelo NSX-SZ51 que tinha o grave que em minha opinião mais combinava com as músicas do Michael! E quando apertei o play para iniciar o álbum, veio a primeira pancada em Unbreakable…e que pancada!!!As 4 músicas seguintes permanecem na mesma “batida”, até que chega a You Rock My World e me remeteu aos anos 70’80, e foi o primeiro “quebra gelo” e é uma das que mais escuto hoje em dia. As músicas que mais se destacam são Butterfly, Speecheles , Whatever Happens, em que os vocais do Michael são um deleite!

  2. Todos deveriam escutar a musica “Don’t walk away”
    Uma obra prima…como amo essa canção.

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