Imagine uma cena: uma criança, deslumbrada, olha para Michael Jackson com olhos de fascínio e então, ela aponta para a jaqueta que ele usava — icônica, brilhante, um reflexo de seu estilo inigualável. Sem pensar duas vezes, Michael a tira e entrega à criança. Simples assim.
Para o Rei do Pop, dar não era apenas um ato de gentileza, era a forma mais pura de conexão com seus fãs. E para sua equipe de estilistas, isso era uma corrida contra o tempo, porque, invariavelmente, Michael pediria para usar a mesma peça futuramente, e outra jaqueta precisaria ser criada.
Esse hábito generoso de Michael Jackson criou um legado além de sua música. Ao longo dos anos, muitas dessas peças que ele distribuía ou usava com frequência tornaram-se valiosas lembranças, leiloadas por fortunas após sua passagem.
Lady Gaga, por exemplo, montou um verdadeiro museu pessoal com dezenas de itens arrematados em leilões, peças que carregam a história de um dos maiores artistas de todos os tempos.
Ela não é a única. Muitos objetos icônicos de Michael foram parar nas mãos de colecionadores privados ou adornam hotéis de luxo ao redor do mundo.
A questão que persiste entre fãs é: esses objetos não deveriam estar em um museu? Um lugar único e dedicado à memória de Michael Jackson, onde cada item pudesse contar uma história, onde cada jaqueta ou chapéu fizesse parte de um conjunto que celebrasse sua lenda.
Segundo Michael Bush, estilista que, junto a Dennis Tompkins, vestiu Michael por mais de 20 anos, o desejo do Rei do Pop era que seus figurinos fossem espalhados pelo mundo, permitindo que pessoas de diferentes culturas tivessem um pedaço da sua história.
Mesmo assim, muitos acreditam que um museu seria o espaço ideal para reunir todas essas memórias. Um lugar onde os fãs pudessem se reconectar com o legado de Michael de maneira tangível, onde sua grandeza pudesse ser celebrada em um único local.
Por outro lado, muitos que um dia receberam uma lembrança pessoal de Michael, hoje veem-se em situações financeiras difíceis e acabam vendendo essas preciosidades. A jaqueta que foi um presente do Rei do Pop torna-se uma forma de sobrevivência para essas pessoas, que, por algum tempo, carregaram consigo um símbolo da generosidade de Michael.
Um dos casos mais recente é o de Omer Bhatti, amigo íntimo de Michael e figura próxima aos seus filhos até os dias de hoje. Em uma necessidade financeira, Bhatti se viu obrigado a vender algumas das jaquetas que Michael lhe deu.
A questão que fica é: e se fosse você? Passando por dificuldades financeiras, com boletos se acumulando e a pressão de contas a pagar? E ao seu lado, uma jaqueta que vale 1 milhão de dólares, capaz de resolver seus problemas. Venderia?
Para nós, fãs de Michael Jackson, a resposta imediata seria “jamais!”.
Como vender algo que representa um pedaço da história, da vida e do carinho de um ídolo tão amado? Mas, e se estivéssemos na mesma situação? Quando a realidade bate à porta, o valor sentimental pode se perder diante da necessidade de sobrevivência.
Seja nas mãos de fãs, em hotéis ou em coleções particulares, as lembranças de Michael Jackson continuam a circular, carregando sua história e sua generosidade.
O que resta é a discussão: será que algum dia veremos todas essas peças reunidas em um único espaço, dedicado ao homem que encantou o mundo?