Em um encontro raro e fascinante entre o ícone da música Michael Jackson e o visionário diretor David Fincher, o sétimo curta-metragem do álbum Dangerous prometia ser uma obra-prima única.
Fincher, que vinha de trabalhos aclamados como Alien 3 e prestes a filmar Clube da Luta, tinha todas as credenciais para fazer deste curta um marco na carreira do Rei do Pop. No entanto, o que começou como uma colaboração promissora logo se transformaria em um dos projetos mais enigmáticos e controversos da música pop.
Fincher, conhecido por sua abordagem meticulosa e estilizada, trouxe para a produção o lendário diretor de fotografia Jordan Cronenweth, responsável pelo visual icônico de Blade Runner. Essa parceria criativa deu origem a um curta visualmente impactante, mas também surpreendentemente sóbrio. Fincher queria afastar-se da extravagância costumeira de Michael, rejeitando o brilho e as cores vibrantes por uma estética mais contida. No vídeo, o Rei do Pop aparecia de forma quase discreta, vestindo roupas mais simples, com exceção de suas tradicionais meias visíveis que mantinham um sutil traço de seu estilo único.
No entanto, essa ousadia artística não agradou Michael Jackson. O curta foi exibido pela primeira vez no canal britânico BBC2, mas logo em seguida, Michael exigiu sua retirada imediata. O motivo? Ele estava profundamente insatisfeito com o resultado.
A visão de Fincher, que insistiu em regravar inúmeras cenas, entrou em conflito com a do cantor. Michael, desgastado e ocupado com outros compromissos, chegou a abandonar o set e nunca mais retornou. A produção foi concluída por um sósia, uma escolha que apenas aumentou o mistério em torno do projeto.
A tensão entre Michael e Fincher revela um choque de egos e visões artísticas. O perfeccionismo de ambos, ao invés de criar um produto final brilhante, gerou um curta que nunca foi transmitido nos Estados Unidos. O lançamento do single aconteceu em março de 1993, mas sem a esperada exibição do vídeo na TV.
