No auge de sua carreira, Michael Jackson lançou “Black or White“, uma obra que não apenas ecoou como um hino global, mas também respondeu à avalanche de rumores que cercavam sua vida pessoal.
Enquanto os tablóides alimentavam especulações sobre clareamento de pele, a verdadeira narrativa era de resiliência. Michael enfrentava o vitiligo, uma condição dermatológica que alterava drasticamente a pigmentação de sua pele.
Desde 1979, os primeiros sinais do vitiligo obrigaram Michael a usar maquiagem para uniformizar sua aparência e preservar a imagem que o mundo conhecia. Esse esforço incansável foi muito além da vaidade; era um escudo contra a crueldade de um público que muitas vezes não compreendia suas lutas. A doença também revelou um componente familiar, atingindo um tio do astro e mais tarde seu filho mais velho, Prince Jackson, mostrando que a batalha não era apenas pessoal, mas também geracional.
“Black or White” não foi apenas mais um sucesso de Michael Jackson, mas um manifesto artístico. Lançada como o primeiro single do álbum Dangerous, a canção celebrou a diversidade e desafiou preconceitos raciais, quebrando barreiras culturais. Michael, mais uma vez, usou sua plataforma global para transcender a música, transformando sua arte em uma mensagem de unidade e igualdade.
O videoclipe, estrelado por Macaulay Culkin, foi uma revolução por si só. Com cenas vibrantes que misturavam culturas de todo o mundo, ele capturou a essência de inclusão. E, em seu momento final, com o famoso “morphing” que unia rostos de diferentes etnias em uma única transição fluida, Michael entregou uma mensagem contundente: somos todos iguais, independentemente de cor, origem ou aparência.
Essa resposta artística foi a forma de Michael reivindicar sua identidade enquanto lutava contra a ignorância e o preconceito. Ele converteu sua dor em poesia visual e musical, relembrando o mundo que o julgamento raso nunca poderia definir a profundidade de um ser humano.
“Black or White” foi mais que uma música; foi um grito de libertação contra estigmas e uma celebração da humanidade.
Michael Jackson nos deixou um legado que ultrapassa décadas: a coragem de ser autêntico em um mundo que exige conformidade. “Black or White” permanece como um marco dessa luta, um lembrete de que a verdadeira transformação começa quando enxergamos além das diferenças, e que, no final, o que realmente importa não é a cor da pele, mas a força do espírito.