Na sexta-feira (08), enquanto surgia a notícia das 11 indicações ao Grammy de Beyoncé pelo seu álbum no estilo country, “Cowboy Carter”, algumas contas de fãs nas redes sociais proclamaram que ele se tornara “o álbum mais indicado ao Grammy de todos os tempos” e afirmaram que Beyoncé havia superado o recorde estabelecido em 1984 por Michael Jackson com “Thriller”.
Isso era verdade? Não exatamente. Mas, de certa forma, sua conquista foi equivalente à do Rei do Pop.
No mundo às vezes confuso das estatísticas do Grammy, indicações de um artista podem estar espalhadas por múltiplos projetos, e o artista principal de uma música ou álbum não é necessariamente o indicado ao prêmio — os prêmios podem (e frequentemente vão) para colaboradores como compositores, produtores ou engenheiros.
E Beyoncé não é a única artista recente a receber 11 indicações em um ano. Kendrick Lamar conseguiu o mesmo feito nas premiações de 2016, assim como Jon Batiste em 2022 — mas, em ambos os casos, não foi todo o trabalho em um único álbum. (As indicações de Lamar naquele ano, por exemplo, incluíram sua participação como convidado na música “Bad Blood” de Taylor Swift.)
Oficialmente, “Thriller” recebeu um total de 13 indicações quando as nomeações do 26º Grammy foram anunciadas no início de 1984. Michael Jackson foi citado em 11 delas. Das duas restantes, uma foi para Bruce Swedien, o renomado engenheiro do álbum. A outra citava Quincy Jones e James Ingram, os compositores da música “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, indicada para melhor canção de rhythm & blues.
Em um sinal do domínio absoluto de Jackson naquele ano, outras duas músicas de “Thriller” foram indicadas na mesma categoria: “Billie Jean” e “Wanna Be Startin’ Somethin’.” (“Billie Jean”, creditada a Jackson como compositor único, venceu.)
No fim, Michael recebeu sete prêmios por “Thriller”, incluindo álbum do ano e gravação do ano (por “Beat It”). Swedien ganhou melhor gravação de engenharia, não clássica.
Mas isso não foi tudo. Jackson narrou um álbum de trilha sonora para o filme “E.T. o Extraterrestre”, com música de John Williams — o que se tornou um pesadelo legal porque a MCA Records, que lançou o álbum de “E.T.”, não obteve a autorização necessária da gravadora de Jackson, a Epic, para ele participar.
A Epic recusou-se a dar a autorização até que um acordo — isto é, um grande pagamento — fosse alcançado. “Isso durou meses, com advogados corporativos discutindo como só eles sabem fazer”, escreveu Quincy Jones em sua autobiografia, “Q.” Segundo Jones, a Epic recebeu um adiantamento de 500 mil dólares pela permissão, e nem ele nem Jackson receberam um centavo disso. No Grammy de 1984, o álbum de “E.T.” de Jackson ganhou como melhor gravação infantil — seu oitavo troféu da noite.
Assim, Jackson teve mais indicações no total em 1984, embora Beyoncé agora tenha igualado o número de indicações por um único álbum.
No universo do Grammy, porém, muitas vezes há asteriscos. As 12 indicações que Jackson recebeu em 1984 foram o maior número em um único ano para qualquer artista até aquele ponto. Mas em 1997, seu recorde foi igualado por Babyface, o produtor e compositor de R&B. Como isso se compara?
Babyface, que por anos teve um toque de ouro — ele venceu produtor do ano no Grammy quatro vezes, mais do que qualquer outra pessoa — recebeu suas indicações naquele ano por projetos com vários artistas, incluindo Whitney Houston, Toni Braxton, Brandy e Eric Clapton; em algumas categorias, Babyface trabalhou em vários títulos, o que limitou o número de prêmios que ele poderia ter ganhado. Ele terminou a noite com três vitórias.