O Grammy, o prêmio mais cobiçado da indústria musical, sempre foi sinônimo de excelência. Mas, por trás da fachada de glamour, está uma verdade desconcertante: uma história de racismo que permeia suas decisões, prejudicando artistas negros, mesmo aqueles que alcançam marcos inigualáveis.
O que dizer do lendário Jackson 5, que com seu sucesso avassalador, nunca ganhou um Grammy sequer?
Esse é apenas o começo de um longo e problemático histórico da premiação.
Em 1979, Michael Jackson lançou Off The Wall, um álbum que, para muitos, era a confirmação de seu talento único. Com sucessos como “Don’t Stop ‘Til You Get Enough” e “Rock With You“, Jackson dominou as paradas e marcou um recorde inédito: o álbum de um artista negro mais vendido até então. Esperava-se que o Grammy de Melhor Álbum fosse uma consagração natural para Michael. No entanto, o reconhecimento veio de forma limitada: apenas um Grammy de Melhor Performance Vocal de R&B.
Frustrado, Michael decidiu provar a força de sua música de uma maneira que ninguém pudesse ignorar. Assim nasceu Thriller – um álbum que explodiu a indústria, redefiniu padrões e conquistou o mundo.
Com recordes de vendas e aclamação, Thriller é até hoje o álbum mais vendido da história, e, em 1984, Michael foi finalmente reconhecido, levando para casa um recorde de oito Grammys. Mas essa vitória parecia refletir mais a inevitabilidade do seu sucesso do que um reconhecimento sincero da premiação. Ao longo da carreira, Michael conquistou 13 Grammys, mas essa marca reflete apenas parte de suas contribuições à música e à cultura.
No entanto, o Grammy não estava disposto a conceder vitórias a Michael sem resistência. Em 1988, após o sucesso do álbum Bad, que bateu recordes ao emplacar cinco singles consecutivos no topo das paradas, Jackson recebeu cinco indicações ao Grammy, mas não levou nenhum prêmio. Em 1989, ele ganhou apenas um Grammy pelo videoclipe “Leave Me Alone” – uma compensação aquém de sua contribuição artística.
O resultado desse desprezo? Michael decidiu se distanciar das premiações, retornando apenas em 1993, quando recebeu o prêmio de Artista Lenda.
Mesmo com a honraria de 1993, o Grammy continuou a ignorar feitos extraordinários de Michael. Clássicos como “Earth Song” foram desprezados, apesar de seu impacto global e relevância. Thriller, mesmo décadas após seu lançamento, permanece invencível nas paradas de vendas, mas o Grammy pouco fez para enaltecer essa marca histórica. A razão? A suposta “agenda” que impede que artistas negros tenham seu trabalho verdadeiramente celebrado e reconhecido, uma postura sistemática que coloca em questão a legitimidade da premiação.
Esse histórico faz do Grammy uma premiação de valor ambíguo. Muitos artistas boicotados pela academia recebem o reconhecimento público que a premiação recusa a conceder, elevando o interesse e a relevância do evento.
A supremacia branca, por trás dessas escolhas, pode até ter retardado o reconhecimento pleno de Michael Jackson, mas a verdade sobre seu talento continua inabalável, ressoando para sempre como um testemunho do poder da sua música – com ou sem um Grammy para legitimar seu legado.