Michael Jackson sempre foi mais que um artista; ele era uma força criativa que transcendia limites. Quando convidou o renomado coreógrafo Vincent Paterson para criar o roteiro do curta-metragem da música Jam, a visão era ousada e grandiosa.
Paterson imaginou um cenário surreal: Michael, no papel de um rei insano, dançando em um castelo sombrio cercado por criaturas fantásticas e uma mulher que, em um momento de pura magia, se transformaria em um pássaro. Era uma ideia à altura de Jackson, cuja carreira foi marcada por transformar a música em cinema e os sonhos em realidade.
Porém, nem mesmo a realeza do pop era imune às restrições financeiras. A Sony, responsável por financiar os projetos de Michael, não estava disposta a bancar um roteiro tão ambicioso. Paterson relembra que elementos dessa ideia extravagante encontraram um lar anos depois, no vídeo de Blood on the Dance Floor.
Mas para Jam, a abordagem teve que ser adaptada. Entrou em cena David Kellogg, que, junto ao produtor Phil Rose, transformou o clipe em algo igualmente icônico, mas com uma pegada urbana, filmada em um hangar desativado no lado sul de Chicago.
O cenário, aparentemente simples, ganhou vida com a presença de Michael Jackson e Michael Jordan, duas lendas em seus respectivos mundos. A escolha do local foi ditada pela agenda do astro do basquete, que estava envolvido em compromissos com o Dream Team dos Chicago Bulls. A interação entre os dois Michaels gerou momentos memoráveis, marcados pela energia contagiante de Jackson e pelo carisma de Jordan, que aceitou o desafio de dançar ao lado do rei do pop, enquanto este tentava pontuar no universo do basquete.
O resultado foi um videoclipe que transcendeu sua época. Jam não apenas uniu música, esporte e cultura urbana, mas também consolidou o poder de Michael Jackson de transformar até mesmo limitações em obras-primas. Mais de três décadas depois, o clipe permanece como um clássico, lembrado não apenas pelo encontro de dois gigantes, mas pelo gênio visionário que moldou cada detalhe.