Michael Jackson: A Humanidade de um Ícone em um Mundo Desumano

Desde cedo, as mães sonham pelos seus filhos, embalando-os em desejos de um futuro honrado. “Estude, forme-se, seja uma pessoa de bem”, elas dizem, com esperança em cada palavra. Elas oferecem conselhos como escudos: não roube, não inveje, não minta. São palavras que, quando plantadas no coração certo, florescem em caráter. Mas o mundo lá fora, tão vasto e complexo, desafia essas sementes com ventos fortes. Ser jornalista, nesse cenário, é tanto um privilégio quanto um peso: o compromisso de dar voz à verdade enquanto se luta contra as tentações do sensacionalismo.

O momento de segurar o diploma nas mãos é mágico, quase sagrado. É como tocar o futuro, sentir o poder de transformar histórias em marcos, de iluminar verdades ocultas. Mas, com o tempo, a realidade emerge: dias em que as palavras fluem como um rio criativo, e outros em que parecem um deserto seco e árido. Um bom jornalista se adapta, busca ângulos interessantes em cenários monótonos, mas há um limite sutil e perigoso: e quando o interessante é fabricado? Quando, por falta de um grande fato, cria-se uma grande mentira?

A atração pela vida dos artistas é irresistível. A curiosidade humana encontra nos bastidores a promessa de algo proibido, de um segredo revelado. Mas é nesse campo que a ética jornalística frequentemente se desintegra. No fervor de capturar um “furo”, muitas vezes jornalistas se perdem, transformando fatos em ficção, sem medir o impacto. A perseguição a Michael Jackson exemplifica isso como poucas histórias podem. Um dos maiores ícones culturais do planeta, sua vida virou um espetáculo público, onde as linhas entre verdade e fantasia foram apagadas sem piedade.

Michael Jackson, apesar de sua fama, era humano. Ele sentia. Chorava. Sofria. Mas, para muitos na imprensa, ele era apenas um título de manchete, um veículo para vendas. Histórias absurdas e sensacionalistas escorriam das páginas, enquanto as canetas afiadas dos “grandes” jornalistas feriam não apenas a imagem de Michael, mas sua alma. O que importava não era a verdade, mas o lucro; não o homem, mas a lenda distorcida que se podia vender.

Pouco se falava sobre o impacto dessas narrativas. Uma mentira publicada pode destruir uma reputação, devastar um coração. Para Michael, essas palavras eram golpes invisíveis, que o feriram mais do que qualquer palco poderia curá-lo. E para nós, o público, restava a culpa coletiva por consumir essas histórias sem questioná-las. Porque cada vez que aceitamos uma mentira, compactuamos com ela. Cada vez que acreditamos cegamente, nos tornamos cúmplices dessa arma chamada mídia.

O diploma, por si só, não faz o jornalista. É preciso mais do que técnica; é necessário integridade. Antes de escrever, antes de publicar, olhe para a pessoa por trás da história. Pergunte-se: “O que estou fazendo com meu poder?” Porque a caneta pode ser uma arma, sim, mas também pode ser um instrumento de justiça, empatia e mudança. Que aqueles que insistem em usar sua imaginação para fabricar monstros lembrem-se: cada palavra tem peso, e o trono da mentira não é eterno.

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